Capítulo 1

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1972

Charlotte

Era de se esperar que meu pai, um bruxo puro-sangue, que pertencia à casa Sonserina em seus dias de estudante na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, fosse aprovar minha amizade com um membro da grande e tradicional família Black. Talvez ele aprovasse, se não tivesse se apaixonado por uma trouxa, minha mãe - fazendo de mim, sua única filha, uma mestiça.

Eu convivia com alguns de nossos vizinhos bruxos desde muito pequena e não era capaz de entender o porquê de ele não gostar da minha amizade com Regulus, já que nunca havia me sentido desrespeitada no grande Largo Grimmauld. Bom, pelo menos não de cara, porque meu melhor amigo não deixaria que falassem mal de mim em sua presença.

Tudo bem que Walburga e Orion Black não eram muito de jogar conversa fora (e não só comigo). Passavam a maior parte do tempo deles observando o filho mais novo, cheios de orgulho, ou implicando com o mais velho. Eu raramente conversava com eles sobre alguma coisa.

― Não acredito que ele teve a sorte de entrar nessa escola um ano antes que a gente. ― Regulus gritou do alto, em cima de sua vassoura, no grande quintal da minha casa. Eu até queria estar lá com ele, mas, apesar do dia ensolarado, estava ventando muito e eu não arriscaria pegar um resfriado apenas uma semana antes do início do meu primeiro ano letivo em Hogwarts. ― E ainda não acredito que ele não voltou para casa nessas férias, nem mesmo escreveu uma carta. Só mandou um bilhete, por uma coruja, dizendo que foi ficar com um tal de James Potter durante o verão.

Não respondi, apenas dando de ombros, ainda sentada na grama verde e úmida. Regulus sabia bem que seu irmão mais velho e eu não nos falávamos muito porque ele teimava em me ignorar. Mas eu não tinha, nem nunca tive, nada contra Sirius Black. Meu pai, por outro lado, dizia que ele era a única pessoa daquela família com quem eu deveria estar disposta a socializar.

― Por que não sobe aqui, Char? ― Regulus fez um beicinho.

― Não vou arriscar ficar doente essa semana e você também não deveria. ― falei alto para que ele pudesse me escutar bem. ― Quer mesmo ficar de cama por algumas semanas e perder os primeiros dias? Ou pior, o primeiro ano.

― Se isso acontecer, você vai aquecendo o time de Quadribol para quando eu chegar ― ele respondeu com um sorriso convencido. ― Aposto que você vai ser a melhor goleira que eles já tiveram.

― E você o melhor apanhador! ― gritei em resposta. ― Agora, sério, desça um pouco mais, porque além de doente, também não quero ficar rouca!

Ele foi pousando aos poucos enquanto seus cabelos escuros e olhos claros ganhavam ainda mais destaque com a luz do sol de fim de tarde, me deixando em algum tipo de transe por poucos segundos. Assim que ele chegou ao chão, se jogou ao meu lado na grama, largando sua vassoura de qualquer jeito.

― Sabe o que seria incrível? Se um de nós dois virasse capitão ou capitã do time.

― Mas é claro que o filhinho perfeito dos Black vai ser capitão do time de Quadribol de Hogwarts ― a voz grossa de Sirius surgiu atrás de nós. Eu não sabia o que ele estava fazendo ali, na minha casa, mas tinha certeza de que a grande xícara de chá em sua mão tinha sido feita pelo meu pai, que o adorava e não media esforços para lhe paparicar. ― Algum de nós tem que manter a reputação perfeita da família. Ou quase perfeita. ― Ele piscou em nossa direção.

Sirius era um garoto tão bonito quanto seu irmão mais novo, mas a beleza dele era diferente. Enquanto Regulus parecia um verdadeiro príncipe, com seu corte de cabelo sempre impecável e suas roupas bem passadas e engomadas, Sirius tinha um semblante de estrela do rock rebelde pairando sobre si quase o tempo inteiro, o que também não era nada mal.

Ordem da Fênix: Primeira ClasseOnde histórias criam vida. Descubra agora