Capítulo 2

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1972

Charlotte

Quando Regulus sentou ao meu lado, não soube dizer qual de nós dois estava mais nervoso.

― Por que demorou tanto? ― cochichei enquanto os alunos da nossa casa ainda aplaudiam a seleção do filho mais novo dos Black.

― Não quero falar sobre isso, Char ― ele respondeu baixinho, mas eu já imaginava que, pela demora da seleção, meu amigo não foi parar em outra casa por pouco. ― Está tudo bem agora, certo? Estamos aqui, juntos.

Ele me ofereceu um sorriso de conforto que foi simplesmente impossível não retribuir.

― É, você tem razão.

― Bem-vindo, Black ― O fantasma mais horroroso que já vi na vida, coberto de sangue prateado, veio cumprimentá-lo, ignorando completamente a mim e os outros alunos que acabavam de ser selecionados na Sonserina.

Barão Sangrento ― Snape sussurrou ao meu lado.

― Ah, o fantasma da nossa casa, certo? ― Ele assentiu.

― Se tiver problemas com Pirraça, é só ameaçar chamá-lo. ― Agradeci, mas Snape voltou logo a dividir sua atenção entre a comida em sua frente e a garota ruiva na mesa da Grifinória. Decidi não insistir em puxar conversa porque notei que, vez ou outra, ele encarava Regulus com o canto dos olhos, desconfiado.

Depois do jantar e das palavras de boas-vindas de Dumbledore, o Professor Slughorn, diretor da nossa casa, nos levou para a nossa sala comunal, acompanhado pelo monitor-chefe da Sonserina. Ela ficava situada bem ao lado das masmorras, e a senha que nos permitia a passagem era Bolas Festivas, o que não fazia o menor sentido, mas eram palavras fáceis de memorizar.

Ao entrarmos, nos deparamos logo com um grande salão comprido, revestido com largas paredes cobertas de pedra. O local era aconchegante, bem iluminado por luzes esverdeadas vindas de um lustre prateado e pelo fogo da lareira de madeira, que ficava em frente a grandes sofás verde-musgo confortáveis.

― Lar doce lar ― cochichei sozinha com meus botões, feliz por estar ali.

ϟ

Mesmo tendo sonhado em estudar naquela escola por toda a minha vida, não podia negar: a rotina de aulas em Hogwarts era puxada, até mesmo para os primeiranistas.

Tínhamos muitas aulas incríveis, como a de Feitiços, mas outras eram tão insuportáveis, que nos faziam perguntar qual era o sentido da vida ou de ter que aprender qualquer coisa. Acho que os trouxas também passam por isso, aulas tão chatas que te dão vontade de morrer.

Uma dessas aulas era a de História da Magia, com o Professor Binns, que era um fantasma que não tinha muita paciência para lidar com alunos barulhentos e costumava nos separar bem pela sala, evitando cochichos na hora da aula que, para piorar, era a primeira do dia.

Sabendo disso, Regulus e eu passamos uma noite inteira na biblioteca da escola, procurando e praticando uma azaração que nos permitia teletransportar bilhetinhos sem que ele ou qualquer outra pessoa percebesse. Quase fomos pegos por Pirraça, o poltergeist, que começou a gritar pelos corredores:

BLACK APRONTANDO! OUTRO BLACK APRONTANDO!

Meu pai já havia me avisado sobre Pirraça antes, mas não sabia que ele podia ser tão irritante. Bem como Snape disse, ameacei chamar o Barão Sangrento e ele saiu de perto, nos xingando dos piores palavrões possíveis e com muita raiva. Tivemos que correr de volta para nossos dormitórios, antes que algum monitor ou professor aparecesse.

Ordem da Fênix: Primeira ClasseOnde histórias criam vida. Descubra agora