1977
Charlotte
Fomos todos para nossas casas durante as férias de Verão. Nossos lares eram os únicos lugares que podíamos considerar seguros. Por medidas de segurança, ficamos todos trancafiados, apenas trocando cartas, como prisioneiros. Os únicos que se viram foram James e Sirius, já que moravam juntos.
Durante as primeiras semanas, me correspondi bastante com Slughorn, que estava bem empolgado com o projeto da Poção de Acônito. Ela já estava quase finalizada e ele não mediu esforços para nos ajudar.
Remus também ajudou. Me enviou por coruja uma bolsinha que continha vários frascos com sua saliva e que, segundo ele, aquela era a coisa "mais estranha que ele já havia feito por mim".
Mais ou menos um mês depois do início das férias, o primeiro frasco oficialmente finalizado da poção ficou pronto. Eu mal podia acreditar. Eu lia e relia o papel com o modo de preparo, sem acreditar que todo o meu estudo, pesquisa e dedicação a ajudar a minha pessoa preferida no mundo havia, finalmente, resultado naquilo. Eu só precisava saber se ela, de fato, funcionava.
Eu queria muito dar um jeito de ver Moony ainda nas férias.
Queria que ele testasse logo a poção sem a presença dos garotos, para ver se ela realmente funcionaria sem a intervenção dos animagos que cuidavam dele nas noites de lua cheia. Além de que, se funcionasse, seria uma noite de sofrimento a menos.
Mandei algumas cartas insistindo para que ele me deixasse ir até a sua casa (mesmo que eu ainda não soubesse como). Eu já estava aprendendo a aparatar, mas não podia fazê-lo fora de Hogwarts até os meus dezoito anos, então, teria que achar uma outra forma de ir até lá.
Fiquei esperando uma resposta dele, perguntando se eu poderia pegar um trem no dia seguinte, mas ele não chegou a responder as minhas cartas — e eu não queria aparecer na casa dele sem ser convidada, até porque ainda nem conhecia os seus pais.
Quando já estava perto de perder as esperanças e até um pouco preocupada, escutei leves batidas na minha janela, na calada da noite, quando já estava deitada, tentando cair no sono.
Senti o meu próprio espelhar involuntariamente o sorriso de Moony ao me ver. Corri para abrir a janela para que ele entrasse logo, quase sufocando-o com um abraço apertado.
Apesar de ser verão, o ar esfriava bastante à noite, mas Remus estava com a pele quente, como se estivesse levemente febril. Faltavam apenas duas noites para sua transformação naquele mês.
— Como você está? — perguntei, preocupada, mas fui interrompida por um beijo doce. — E como chegou aqui?
— James me enviou a vassoura dele pela coruja dos Potter e eu vim voando. Literalmente.
Remus odiava voar de vassoura. E ainda assim foi até lá. Senti que o amei ainda mais por isso.
Olhei pela janela do quarto e tinha uma vassoura estacionada no meu quintal. Aproveitei para dar uma espiada e garantir que as luzes do quarto do meu pai realmente estivessem apagadas.
— E se você fosse visto? — Me dei conta dos riscos que ele correu, de repente.
— Tive cuidado — ele falou despreocupado, deitando na minha cama e dobrando os braços atrás da cabeça.
Respirei fundo, contendo minha vontade de pular na cama com ele. Fui até o recipiente que continha a poção já pronta e entreguei a ele. Parecia ser o suficiente para aquele ciclo. Ele pegou o frasco com cuidado, maravilhado. Parecia uma criança recebendo presentes em uma manhã de Natal.
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Ordem da Fênix: Primeira Classe
FanfictionCharlotte Woodenstar, bruxa mestiça de Londres, é melhor amiga de Regulus basicamente desde que nasceu e sempre conseguiu ignorar os preconceitos enraizados da família Black - mas ao entrar na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, tudo muda. Além...