Capítulo 13

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1976

Charlotte

Regulus estava tendo um de seus treinos individuais no campo de Quadribol, completamente sozinho.

O nosso quarto ano em Hogwarts estava quase acabando e eu suspeitava, mais do que nunca, de que a nossa briga era definitiva. Foi só depois de alguns meses que percebi que uma parte de mim ainda esperava que ele mandasse os pais para o inferno, como Sirius, e voltasse a ser o melhor amigo que foi por tantos anos, mas não aconteceu.

Não tive que esperar muito tempo até que ele pousasse, perto das arquibancadas, para ir até lá. Ele guardava o pomo de ouro quando me aproximei devagar. Mesmo sem ter dito uma só palavra, ele notou minha presença, olhando para mim surpreso.

— Oi — ele falou com certo receio.

— Oi... — respondi, respirando fundo e estendendo-lhe meu uniforme de Quadribol dobrado. — Vim devolver isso.

Regulus piscou algumas vezes, processando que aquilo significava que eu estava saindo do time. Quando sua ficha caiu, ele balançou a cabeça, assustado:

— Não. Não, de jeito nenhum — ele dizia mais para si mesmo do que para mim. — Não vou deixar que você saia do Quadribol por causa de uma briga idiota, Charlotte.

— Regulus... — tentei explicar, mas fui interrompida.

— Eu saio — ele anunciou. — Eu saio e te nomeio capitã.

— Acabei de descobrir que é provável que eu seja Monitora no próximo semestre — eu disse de uma vez. Regulus demorou alguns segundos calado, novamente processando a informação.

— Como você sempre quis... — ele cochichou, tentando não esboçar nenhuma emoção.

— É — confirmei. — Entre a monitoria, a preparação para as NOMs e as aulas extras de Poções que estou tendo com Slughorn, não serei uma boa co-capitã. — Ele abaixou o olhar, concordando com a cabeça e evitando olhar diretamente para mim. — Sinto muito, Regulus.

— Sinto muito também.

Deixei o uniforme em cima de um dos bancos, também evitando olhar para ele e dei as costas, pronta para ir embora, quando ele disse:

— Parabéns pelo cargo de Monitora. De verdade.

Engoli seco, sentindo sinceridade em suas palavras e triste por não poder mais compartilhar aquela conquista com ele.

— Obrigada — respondi, ainda sem olhar para trás.

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Narrador Avulso

Remus Lupin achava que estava sozinho na biblioteca naquela quinta-feira à noite.

O garoto do quinto ano estava tentando adiantar um de seus deveres de casa antes da sexta-feira em que passaria por mais uma transformação, mas estava tendo dificuldade de se concentrar com os sintomas que sempre antecedem os piores momentos de sua vida. Sua temperatura já estava um pouco elevada e ele se sentia fraco. Estava tão fraco e tão pálido, que Charlotte havia notado que ele não parecia bem.

Charlotte.

Não parava de pensar nela enquanto escrevia no pergaminho, detalhadamente, sua experiência com a Poção de Amortentia. O vapor da Poção de Amor mais poderosa que existia exalava apenas cheiros relacionados a ela, como seu perfume doce, livros novos e o cheiro da cabana do lago onde havia se apaixonado por ela já havia tantos anos.

Ordem da Fênix: Primeira ClasseOnde histórias criam vida. Descubra agora