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Coço os olhos ao acordar e tento me acostumar com a claridade

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Coço os olhos ao acordar e tento me acostumar com a claridade. Analiso o quarto que eu estou e vejo vários papéis coloridos espalhados.

Me levanto e pego um deles.

Seu nome é Saturno e você tem perda de memória.

No mesmo instante tenho um flashback.

"— Estou com o resultado em minhas mãos. — Disse o médico.

— Então, o que eu tenho? — Pergunto nervosa.

— Você foi diagnosticada com Alzheimer Precoce, Sra. Rezende. "

Pego mais um dos papéis e leio.

Você é casada com um homem chamado Bruno, ele é jogador de vôlei e hoje a família dele irá te visitar para assistirem o primeiro jogo juntos.

Olho para baixo e vejo que tem uma pequena caderneta na mesa. Nela havia fotos de alguma pessoas e suas informações.

Luisa

Vera

Júlia

Vitória

Fernanda

Bernardo

A família do Bruno.

A minha família.

Me senti a pior pessoa do mundo por não lembrar deles.

✍︎

Alguém bate na porta e vou atendê-la.

Passei toda a tarde vendo nossas fotos e pesquisei algumas informações sobre eles. Consegui me lembrar de algum dos nossos momentos juntos e me senti aliviada.

Assim que abro a porta, a irmã caçula do meu esposo, Vitoria, me abraça forte. Sorrio e acaricio seus cabelos.

— Senti sua falta, Sat. — Falou ainda enroscada em mim.

— Eu também, bebê. — Digo.

Assim que me solta, ela sai correndo atrás de Nala.

— Tô com fome. — Disseram Júlia e Luisa assim que entraram na minha casa e foram direto para a cozinha.

— Minha casa virou restaurante agora? — Pergunto irônica e elas gargalham como resposta.

Depois, Fernanda e Bernardinho entram seguidos de Dona Vera.

Sempre admirei essa amizade dos três. Apesar de divorciados, Vera e Bernardinho tinham uma cumplicidade gigante, tudo isso pelo Bruno.

Fomos até o sofá onde as meninas já nos esperavam.

— Bernardinho. — Chamou Luisa e ele a olhou. — Não rasga a camisa hoje não, ela é tão bonitinha.

Todos nós rimos e meu sogro fez uma careta para ela.

— Hahaha. — Resmungou ele.

Conversamos e brincamos até que começou o hino nacional.

Sorrio boba ao ver Bruninho na tela. O alzheimer poderia tirar minhas memórias com ele, mas não meus sentimentos. A cada página do nosso livro, eu me apaixonava.

Era como amar um personagem de um livro fictício. A diferença é que eu sou casada com ele.

Volto a olhar para a televisão e decido me concentrar apenas no jogo.

✍︎

Bernardinho quase rasgou a camisa.

O jogo contra o EUA estava muito tenso.

Nesse momento estávamos no tie-break e Bruninho iria fazer um saque. Só faltava um ponto e caso ele acertasse de vez, a gente ganhava o jogo.

Ele se prepara e então saca. Direto no chão do time adversário.

Os jogadores vibram e começamos a comemorar. Até o momento que Bruno faz um gesto bem conhecido por quem acompanha futebol.

Ele pegou a bola de volei e colocou debaixo da camisa. Como a barriga de uma gestante.

Luisa olha para mim preocupada e demonstro que não sei o que está acontecendo.

— Você tá grávida? — Perguntou a madrasta do meu esposo e todos os olhares vieram até mim.

Sentir todos os olhos ansiosos me deixaram nervosa e a última coisa que vi foi uma escuridão tomar conta de mim.

𝗇𝗈𝗌𝗌𝖺𝗌 𝗆𝖾𝗆𝗈́𝗋𝗂𝖺𝗌 ✍︎ 𝖻𝗋𝗎𝗇𝗂𝗇𝗁𝗈Onde histórias criam vida. Descubra agora