DEZESSETE

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Isaque e Ariel assistiam de camarote, o espanto incomum de alguém que acabava de ser pega de surpresa.

E que surpresa!

- Esposa? – Shelley perguntou com um fio de voz. Estava pálida. E quando voltou a se sentar, parecia agir em câmera lenta. – Se casou com uma mulher suíça?

- Não! Ariel é de San José. Tão americana quanto você e eu.

- Então, como...

- Nos conhecemos no hotel em St. Moritz. Eu a seduzi e nos relacionamos por uma semana. Ao perceber que eu estava me acostumando com a sua companhia, eu a pedi em casamento e ela aceitou.

Havia intensidade nos olhos de Isaque, quando ele a olhou. Quando Ariel voltou a atenção para Shelley, possuía um simpático sorriso nos lábios. Mas foi Isaque quem se manifestou primeiro:

- Eu não esperava que fossem apresentadas assim, Shelley! Pretendia contar-lhe em um momento mais apropriado como em um jantar em família. Mas que bom que você está aqui. Como sempre, sua preocupação comigo é tocante.

Isaque afirmou ironicamente com olhos fixos em Shelley, no entanto, a mão continuava atada à de Ariel.

Shelley se ergueu, após a indireta do irmão. Se recompondo, se virou em direção ao casal, ainda perplexa com as novidades.

Por um instante olhou para Isaque e estranhamente sentiu ciúmes da felicidade incomum que seu irmão irradiava.

Disfarçadamente, Isaque estampava um sorriso nos lábios. E acostumada com o seu lado obscuro e sério, Shelley se auto repreendeu por desejar que ele voltasse a ser como antes.

- É evidente que eu esteja surpresa com tudo isso. E eu quero muito acreditar que você tenha feito uma escolha apropriada, Isaque. Desculpe por isso, Ariel, mas ainda preciso me acostumar com a ideia. Não é todo dia que alguém sai de férias, conhece outro alguém e volta dessas mesmas férias, casado.

- Realmente, não é comum. Mas qual é o verdadeiro problema, Shelley? – Isaque quis saber aborrecido.

Shelley baixou a cabeça por alguns segundos e antes de voltar a erguê-la balançou-a negativamente.

- Talvez eu só esteja irritada, por você não ter se dignado a me ligar para me contar isso. Isso é uma coisa importante, Isaque! Estou tão acostumada a vê-lo taciturno e irritado, que eu adoraria ter sido a primeira pessoa a saber que alguém havia transformado a sua vida, embora isso tenha acontecido em apenas alguns dias.

- Eu também estava muito irritado, Shelley! – Isaque admitiu com semblante sério – Depois da nossa última discussão, eu quis afastar todos os transtornos que a afetam por minha causa. Eu fiz o que pensava ser correto e em nenhum momento me passou pela cabeça de que deveria informa-la sobre qualquer coisa, mesmo que essa atitude fosse uma baita infantilidade.

- Isaque agora é um homem casado! Isso é inacreditável.

- Certamente, Shelley! Mas eu faria tudo novamente se possuísse a chance.

Inesperadamente, Shelley sorriu e contagiou ao casal.

- Estou tão feliz por vocês dois! – Ela exclamou com lágrimas nos olhos.

A perceber a mistura composta de sorrisos e lágrimas, Isaque ergueu seus olhos para o teto, em claro sinal de incredulidade.

Seria isso algo contagioso? Por que estava mais que evidente que a demonstração de emoções confusas, era um mérito exclusivamente de Ariel.

Pensando nisso, ele olhou para sua esposa e a encontrou sorrindo para sua irmã. Mas decididamente não havia lágrimas nos olhos.

Melhor assim. Em apenas uma semana, aquela mistura de lágrimas e sorrisos já havia mexido demais com o seu interior conturbado.

Amor entre LágrimasOnde histórias criam vida. Descubra agora