VINTE E TRÊS

17 8 0
                                    

Irritado com as possibilidades, mal dormira durante a noite, e com a agenda lotada, Isaque se deparava com um daqueles dias que prometiam muita coisa, mas que facilmente significariam frustrantes.

Agenda tumultuada não significava bons resultados, mas sim tremendas dores de cabeça e perda de energia, uma vez que Isaque severamente ignorava seu próprio humor precário.

A duras penas voltara ao escritório na tarde do dia anterior e sem perda de tempo guardara os projetos em seu cofre pessoal, sem a mínima possibilidade de voltar a vê-los.

Os profissionais que lhe apresentaram o projeto aguardavam pela sua aprovação e intencionalmente, Isaque permitiu que sua mente se desligasse desses fatos.

Estava ciente de que Ariel não o entendia, ou se quer entendia como era o seu mundo de facilidades.

Maldição! Como ela mesmo dissera, ele era uma lenda e havia se tornado em um sucesso fenomenal nos negócios.

Um CEO tão bem sucedido, que ele poderia simplesmente fazer o mundo se inclinar aos seus pés.

O que havia de errado em desejar, e ter o poder de atender às suas próprias expectativas? E qual problema em desejar o melhor e poder realiza-los com um estalar de dedos?

Para ele um desafio era como auto injetar adrenalina nas próprias veias. Mas, inacreditavelmente ele não encontrava uma forma de fazer Ariel entende-lo ou simplesmente convencê-la a alguma coisa. E quando isso era possível, ela deixava bem claro com ações ou expressões de que agia contra a sua própria vontade. E quando o assunto era a sua esposa, Isaque esperava que a aceitação fosse natural. Caso contrário, todo processo se resumia em uma tremenda impaciência e perda de tempo.

                                                                                  ...

Os dias passavam normalmente, e após outro fim de semana separados, Ariel começou a se preocupar com a sua própria atitude e a teimosia de Isaque.

Sentia saudades do marido e as breves conversas matinais não amenizavam a situação de ambos.

Sentia a falta da sua companhia, do seu abraço e do seu calor. E ao juntar todos os seus anseios que se baseavam em apenas um homem, Ariel sentiu seu corpo vibrar.

Precisava vê-lo, tocá-lo e sentir o cheiro familiar que incitava sua libido como se fosse uma poção mágica. Também precisava ouvir sua voz rouca, durante o ato de amor, convidando-a a alcançar lugares quase inalcançáveis.

Era maravilhoso poder acordar ao seu lado nos fins de semana e acompanha-lo a lugares incríveis e programações únicas que ele lhe preparava, sempre que a oportunidade permitia.

As noites se tornaram uma tortura e por mais que Isaque se ausentasse com frequência, jamais havia deixado de se comunicar com ela. E o silêncio que mantinham já estava causando estragos irreparáveis não só ao psicológico, mas também ao físico.

Mesmo com a preocupação acentuada por causa do bebê, nada adiantava todos os esforços que fazia para dormir e se alimentar devidamente, pois tudo parecia cooperar com o seu frenesi.

Ariel compreendia que o acontecido fora por sua causa. O distanciamento, a indiferença e todo o resto era o significado do seu próprio e escancarado desinteresse.

Reservei um tempo para cuidar do nosso futuro. Se lembrou do comentário de Isaque enquanto se preparavam para conhecer as propriedades.

Acredito que tenha feito a escolha certa.

Meus motivos são vocês.

Dissera enquanto a acariciava no ventre. E todas as palavras que ele lhe dissera tão naturalmente, martelavam sua cabeça como se fosse um castigo.

Amor entre LágrimasOnde histórias criam vida. Descubra agora