OITO

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Era Isaque Anderson quem a abraçava nesse momento. Eram as suas mãos que a acariciava na região da cintura. Ao se dar conta disso, uma corrente eletrizante a percorreu de alto a baixo e ela se pegou desejando uma proximidade ainda maior.

Isaque a beijou novamente e ao ser estreitada fortemente contra o corpo sólido Ariel pode sentir a potência da virilidade que se chocava abruptamente contra o seu ventre.

Isaque interrompeu o beijo e seus olhos se chocaram com uma expressão delicada, febril, lábios inchados e uma textura rosada. E Isaque tentou se lembrar quando fora a última vez em que vira uma mulher corar, e a perspectiva que isso desencadeou seria ultrajante, se ele não soubesse com exatidão que Ariel desejava o próximo passo, tanto quanto ele.

- Quero passar a noite inteira com você.

Ariel tentou sorrir, mas a apreensão sufocante que a abatia parecia travá-la.

- O que acontece depois? – Ela inquiriu mordendo o lábio.

- Repetiremos a dose até adormecermos de exaustão.

- É possível que eu me arrependa?

- É um risco. Mas evitarei que isso aconteça.

No entanto ainda havia uma pergunta que não desejava evitar, se quisesse ter paz consigo mesma e com o próximo passo que daria. Se é que daria.

- E se eu engravidar?

Isaque hesitou, mas se recusava a deixar-se abalar pelas inseguranças de Ariel.

- Cuidaremos para que isso não aconteça.

- Mas existe um risco! – Ariel se soltou dos braços de Isaque e deu um passo para trás. - Desculpe, mas eu precisava perguntar isso.

- O risco é real, mas eu não sou homem de fugir das minhas responsabilidades.

- Isso não o enfureceria? – Ariel o encarava aflita e isso o afetou bem mais do que gostaria.

Isaque franziu o cenho e ao passar a mão pelo rosto, se afastou e voltou a se sentar, sentindo o fogo do desejo se apagar momentaneamente. Não desejava responder àquela pergunta, pois o contexto em geral era tão absurdo, que Isaque se perguntou se algum ser humano era capaz de cometer as atrocidades, como as variáveis que passavam pela sua cabeça.

No entanto ele se lembrou do amor que nutria pelos sobrinhos e em contrapartida imaginou sua própria lealdade quanto à sua própria semente.

- Que tipo de monstro eu seria, se soubesse que você estaria carregando um filho meu e ainda assim me voltasse contra você? Jamais serei perfeito, mas isso é uma abominação, Ariel.

- Desculpe! – Ela pediu novamente sem hesitar e ao invés de aceitar o pedido, ainda sentado ele se aproximou e alcançou as suas mãos.

- Quando foi que isso aconteceu?

- Seis anos atrás.

Isaque rapidamente fez as contas e em contraste às atitudes de Ariel, deduziu algo surpreendente:

- Desde então não teve nenhum relacionamento? – Ele espantou-se.

- Não. – Ela murmurou se divertindo com o assombro de Isaque.

- Nem desejou ser mãe novamente?

- Eu penso nisso todos os dias. Eu quase morri por causa desse incidente, mas o que eu realmente lamento em tudo isso, é a perda do meu filho.

- Você já sabia que seria um menino?

- Sim. Eu sabia.

- Eu sinto muito. – Ele murmurou, abraçando-a.

Amor entre LágrimasOnde histórias criam vida. Descubra agora