CINCO

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O dia amanheceu e pela primeira vez em anos, Ariel se via totalmente indisposta a sair da cama.

A noite fora terrível e o passeio noturno que fizera com seus pais havia acabado de vez com seu ânimo, enquanto seu corpo e suas emoções, haviam sido dominados pela consequência ardorosa do beijo compartilhado com Isaque.

Inesperadamente, seu corpo reagia com vibração e calor, sempre que se lembrava do ocorrido. Não havia homem másculo o suficiente, para tirá-la do transe em que se encontrava, na noite anterior, por isso Ariel permanecera muito quieta em todo o tempo, o que acabou aborrecendo seus pais. E para escapar de outro constrangimento, ela havia feito uma escala detalhada de toda a programação do dia, incluindo o passeio de helicóptero, e deixara com a sua família, para evitar que eles insistissem de que deveria acompanhá-los novamente.

Decididamente não cometeria o mesmo erro e permaneceria quietinha em sua cama, durante todo o dia.

Um dia apenas não seria suficiente para fugir dos seus tormentos, e ela já pensava na possibilidade de prolongar seu próprio isolamento, no dia seguinte. Porém, Ariel não só fora chamada, mas intimada a se encontrar com seus pais. E ao chegar à suíte, os encontrou com as malas feitas e cara de poucos amigos.

- O que houve? Para onde vão? – Ela questionou temerosa.

- Vamos para casa. – Informou sua mãe sem graça.

- Por qual razão? Ainda temos alguns dias. – Ariel lembrou-os aborrecida.

- Não, filha! Acabou para nós. É hora de voltarmos.

- Vocês brigaram? – Ariel olhava de um para o outro demonstrando confusão.

Seu pai mal olhava em seus olhos e tampouco esclarecia a situação.

- Não! Não discutimos, querida! Nos divertimos muito. Mas assim que percebemos que o mesmo não se aplica a você, antecipamos nossa volta. Não podemos fingir que está tudo bem, porque não está.

- O que está tentando me dizer, mãe? Você ou o papai estão doentes? É isso?

- Não temos nenhum problema sério, filha. Fomos abençoados por chegar até aqui com a saúde perfeitamente normal.

- Então qual é o problema? – Persistiu sentindo seu coração apertado.

- Você está infeliz, filha. É visível que alguma coisa a perturba e para estarmos felizes é necessário que você também esteja. Já temos muitos problemas. Mas eu não posso me conformar com isso. Até porque a sua própria felicidade, depende apenas de você mesma.

Cristine ergueu as duas mãos e as abaixou como se abrangesse o corpo de Ariel.

- O que está me dizendo, minha mãe? Vocês realmente acreditam que sair assim, vai resolver nossos problemas?

- Somos nós que estamos saindo. Você fica aqui. Aproveite o restante das férias e descanse um pouco. Insistimos para que viesse conosco, mas permitir que volte conosco já seria uma... Deixa isso para lá... Me desculpe por isso, Ariel. Mas seu modo de agir está nos afetando e seu desânimo está começando a nos contagiar.

- E o que exatamente vocês queriam que eu fizesse? Saísse por aí como uma louca e me esfregasse no primeiro homem que aparecesse? Ou que eu me tornasse mãe solteira? Talvez quisesse que eu fizesse como algumas pessoas da minha idade fazem, que em apenas uma noite, arranjam não só um parceiro, mas uma porção...

- Olha a boca, Ariel! Não vou permitir que fale assim conosco. – Finalmente seu pai interveio.

- É mesmo pai? Acompanhei vocês até aqui, só para agradá-los. Planejei cada detalhe dessas férias, e agora vem me dizer que eu estou estragando tudo? Vocês me conhecem, melhor do que ninguém. E essa sou eu... exatamente o que eu sempre fui.

Amor entre LágrimasOnde histórias criam vida. Descubra agora