Eu não queria escrever, mas essas palavras estão entaladas e querem sair.
Eu não sei guardar as coisas só para mim, eu não consigo fingir que está tudo bem, eu não consigo maquiar meu sentimento, esquecer do que aconteceu em um piscar de olhos. Nem se eu quisesse eu conseguiria.É que eu sou intensa demais, um oceano, um abismo profundo, mas mesmo assim não consigo esconder as coisas como você consegue, eu não consigo não ser transparente, eu não consigo não pensar em te mandar mensagem, eu não consigo parar de cantar uma música que me lembra nós, não consigo não sentir o gosto da bala, não ouvir o som da sua respiração, não consigo não me entristecer ao lembrar da despedida em nossa última vez. Não consigo não pensar: vai ter outra vez?
E tudo isso que acontece dentro de mim, não acontece dentro de você. Eu sou profunda e você é raso, mas o seu raso é tão obscuro que não dá para enxergar o fundo. Eu queria que fosse mais claro.
Queria sinceridade, parceria, troca de ideias, e não apenas troca de beijos. Mas isso não ocorreu. Você continuou sendo superficial, como se não tivesse nada além a oferecer.
E agora eu me lamento, eu penso, eu não durmo, e você fica aí, observando cada ato meu, em silêncio.
E aos poucos, enquanto eu vou revelando um pouco mais sobre meu abismo, você deixa o seu raso mais fundo.— C.L, março, 2018.
Dedicatória: a mim, que queria mergulhar em pessoas rasas demais.
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Dedico esse (desaba)fo a você.
Non-FictionAcervos de textos e desabafos que escrevo desde 2018, normalmente em momentos em que eu me encontro representada pela ilustração da capa. Raiva, confusão, tristeza, dor, alegria, paixão... quantos sentimentos cabem aqui? Para quantas pessoas podemo...