Oito

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- Então por que insinuou isso? Arthur, eu tenho 30 anos. Se eu estou com você é porque eu quero estar com você e mais ninguém. Quer saber de uma coisa? Quer saber por que eu terminei com você há meses atrás? Justamente por isso! Você é impulsivo, instável. Eu preciso pisar em ovos contigo, Arthur. Eu... Eu acho que nós realmente não damos certo.

Arthur arregalou os olhos diante do choque. Não, não iria perder o amor da sua vida. De novo não.

- Não, você não acha isso. Se realmente achasse, não teria aceitado voltar para mim. – Apesar de estar desesperado com a possibilidade de Carla desistir, ele sabia que havia sido o causador de toda a confusão. E se ela não tinha fé neles, ele teria toda a fé necessária para os dois. - Combinamos que iríamos conversar, certo?

- Depois de todo esse show você quer conversar? – A acidez dela estava presente.

- Carla, se desarma. Sou eu que estou aqui! – O homem implorou.

Então ela voltou a encará-lo e viu em seus olhos o remorso pela histeria de minutos atrás. Arthur viu a postura dela relaxando. Tomou fôlego e, finalmente, se abriu para ela.

- Você tem razão, eu perdi a cabeça. Eu estou errado e eu sei, mas esse sou eu com ciúmes. Eu passei todos esses meses longe de você, imaginando todos os homens dando em cima de você, assisti todos os seus stories com outras pessoas e, todo esse tempo, eu morri de ciúmes. Ciúmes porque você estava acompanhada de alguém que não era eu. Ciúmes porque eu queria estar lá com você. Ciúmes que eu não consegui controlar hoje e eu te peço perdão por isso. – Ela apenas o fitava com atenção. - Eu não quero que você tenha essa imagem de mim. Eu assumo que sou impulsivo sim. Hoje eu consigo identificar essa impulsividade e tento me controlar. A terapia tem me ajudado. Eu não quero ser aquela pessoa que te machucou no programa, Carla. Eu quero ser um homem a tua altura. Quero me moldar ao relacionamento. E não é só por você, é por mim também. Por nós.

A loira piscou algumas vezes antes de suspirar, estava impactada pelas palavras dele.

- Eu errei feio agora, justo no nosso primeiro dia. Eu sei que meu ciúme não é justificativa. Aquele animal me instigou e eu revidei. Me desculpa por falar essas coisas sem sentido de você. Eu nunca duvidei da sua fidelidade. Eu só... fui fraco e entrei na onda dele. – Arthur pegou a mão dela e, sem encontrar resistência, deixou beijinhos no dorso. Mirou-a nos olhos, querendo que ela visse toda a sinceridade que sua boca falava. – Por favor, me perdoa por isso. Eu sou doido por você. Você é a mulher da minha vida. Eu fui um ogro e não medi as palavras que usei, mas eu não quis insinuar nada de você. Eu confio em você, amor. Me desculpa?

O coração da moça gritava uma resposta imediata, no entanto sua mente ainda estava analisando a situação. Sentia a sinceridade dele. Ela mesma havia ficado enciumada diversas vezes. Mesmo que ele nunca tenha aparecido com ninguém oficialmente, sofria com as inúmeras mulheres que eram apontadas como seu affair. Todavia, a discussão não era em torno dos ciúmes dele e sim das palavras que ele a dirigiu.

- Arthur, se fosse só a parte do ciúme, seria mais fácil. Você me ofendeu!

- Não foi a minha intenção, amor. – A mão masculina ainda segurava firmemente a de Carla, como se o ato demonstrasse que ele não desistiria dos dois.

- E como você vai reagir sabendo que ele vai trabalhar comigo?

- Como assim?

- Marcos é o diretor de som da série que vou gravar.

Carla o observou. Assistiu seu rosto se contorcer, como se suas palavras o tivessem causado dor física.

- Agora eu entendi o porquê do "até semana que vem". – Concluiu ao sentir seu sangue se concentrar em seu rosto, talvez um dia explodisse de tanta raiva. Consciente de que a culpa não era da namorada, não poderia fazer nada. – Bom, eu confio em você. Eu não confio nele.

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