Gatilho

Dez

O tom de voz dele tocou no coração dela. A moça entendia a angústia daquele que lhe abraçava, era o mesmo desconsolo que ela sentia por saber que em quatro dias iriam se separar novamente. Nesse momento, nos braços dele, Carla compreendia o porquê de sempre voltar para ele. Aquilo que tanto se perguntou quando saiu do BBB: por que ela, sem exceção de vezes, cedeu a ele? Porque, irrevogavelmente, já o amava. E seguia amando num tanto que estaria disposta a tentar outras e outras vezes, se a recompensa fosse tê-lo no final de tudo.

De súbito, ela o beijou calidamente nos lábios, querendo desfrutar ainda mais dele. Arthur reagiu, se entregando ao momento tanto quanto ela. Esses dois não tinham mais jeito, pertenciam um ao outro.

- Viaja comigo?

- Na quinta? – Perguntou surpreso, mas feliz com o convite.

- Uhum. Podemos ir em voos separados para não dar muito na cara. Fica comigo até o domingo, pelo menos. Eu não estou pronta para ficar sem você ainda.

- Eu também não, loira. – Ele a deu um selinho. – Acho que tenho um compromisso agendado para a sexta-feira, preciso confirmar com a agência. Eu teria que voltar no máximo na segunda-feira de manhã, pois a tarde começo o treinamento para o Fut7.

- Prometo passar o sábado e o domingo inteiros com você.

- Ah, sendo assim eu vou nem que seja para passar algumas horas.

- Eba! – Ela comemorou o enchendo de selinhos. – A Kelly vai estar lá também. O apartamento tem dois quartos, então não teremos problemas. Ela também vai encontrar com o peguete paulista dela. Nossa, ela vai surtar quando eu contar sobre você.

- Por que surtar?

- Ué, pela nossa história. Esses meses eu fiz todos acreditarem que você era passado.

- Ai, essa doeu!

- Desculpa, lindo, mas é a verdade. Fingi muito bem todo esse tempo.

- As voltas que o mundo dá, né.

- Graças a Deus!

Eles foram dormir cheios de planos para a semana. No dia seguinte, ainda passaram a manhã juntos antes de se despedirem e cada um retornar à sua rotina.

Os dias passaram voando. Na correria de resolver todas as suas pendências e viajar tranquila, Carla não conseguiu abrir a agenda para Arthur. Seus compromissos eram extremamente bem organizados para que não houvesse qualquer conflito de programação e, por mais que quisesse desmarcar algo para aproveitar algum tempo de qualidade com Arthur, não o fez e seguiu com o planejado.

Ele, com a agenda mais livre, sentiu ainda mais saudade dela. Entendeu que ela não poderia encontrá-lo no decorrer da semana, mas não pôde evitar não se chatear. Pensava que, estando no lugar dela, iria dar um jeito de priorizá-lo. As mensagens constantes via celular não eram suficientes para aplacar a nostalgia que sentia, mas era isso ou era nada.

- Oi, Lindo! – Carla o cumprimentou assim que ouviu sua voz na linha.

- Boa tarde! – Ele tinha a voz mais firme. Ela sabia que ele estava magoado, mas preferiu não dar ibope ao assunto, visto que nada poderia fazer para mudar a situação.

- Boa tarde. Estou indo para o aeroporto agora, estou atrasada para variar.

- Carla sendo Carla.

- É. – Ela riu sem graça. – Não consegui ligar mais cedo. O Vini chegou lá em casa às 07h, ele literalmente me derrubou da cama. Acabamos de gravar há pouco.

- Sim, eu vi os stories dele.

- Hm... Então eu vou indo. Só queria te avisar que devo chegar em São Paulo por volta de 16h. Do aeroporto vou direto para a agência. Devo chegar no apartamento no fim da noite.