Culpar A Si Mesmo

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Chenle caminhou entre os alunos até ficar frente a frente com Park Jisung, o alto não tinha mudado sua expressão, continuava com um sorriso de lado enquanto o chinês chorava sem sentir vergonha.

— Você fez isso?

— E se eu tiver feito?

— O Renjun me avisou e eu não dei ouvidos, eu confiei em você de verdade, estava disposto e me redimir por tudo que eu fiz nesses anos mas você brincou comigo e o meu coração, Jisung você usou a minha mãe para conseguir minha confiança, conseguir o meu segredo mais íntimo para expor para o colégio inteiro — Chenle dizia com as lágrimas escorrendo pelos seus olhos e sentindo seu coração se partindo — Você conseguiu, parabéns, provou para todos que consegue ser muito, mas muito pior que eu.

— Tem certeza? Não sou eu que batia a cabeça dos mais baixinhos contra uma parede e chamava eles de mulherzinhas.

— Eu sempre fui um babaca, eu sei dos meus erros e me arrependo de cada um deles? Sabe o por quê de ter feito aquilo? Desde que eu cheguei no país eu ouvia você falando das suas mães com um sorriso no rosto, cheio de alegria, se gabava pelos lanches que elas faziam, via elas te abraçando quando te buscavam no colégio e elas te assistindo nas apresentações da escola — O Zhong abaixou a cabeça e Jisung o olhou confuso — Eu sempre tive inveja de você, Jisung, porque eu achava injusto o mundo te dar duas mães tão carinhosas mas tirar a minha e ainda me fazer assistir ela morrendo aos poucos, eu era imaturo e acabei me deixando levar pelo sentimento horrível e descontei minha raiva em você, mas agora eu iria mudar, por você.

— Mudar e se arrepender não apaga todo mal que me fez.

— Realmente, mas eu tentei — Chenle levantou a cabeça e olhou para o rosto que tanto amava e sorriu apontando para o pódio — Ganhei o primeiro lugar, o quadro seria um presente 'pra você, pode pegar.

Zhong saiu do pátio correndo e seus melhores amigos foram atrás para não deixá-lo sozinho naquele momento de fraqueza. Park caminhou até o pódio e tirou o pano que estava em cima do quadro, era uma pintura dele e o chinês juntos em um pasto com um cavalo, e logo atrás tinha o sol se pondo. Logo abaixo estava escrito "Meus portos-seguros"

— Você é um idiota de verdade — Jisung olhou para trás e viu o rosto dos seus ex amigos o encarando com decepção — Tia Siyeon e SuA ficariam decepcionadas — Mark diz.

— Nós todos estamos — Renjun fala de cabeça baixa e segurando a mão de Haechan.

— Espero que seja feliz agora que cumpriu o seu plano, conseguiu magoar o Chenle e de brinde magoou os seus amigos, espero que os novos amigos sejam legais e cuidem de você como nós fizemos sempre — Haechan se aproximou do mais novo e o abraçou com as lágrimas escorrendo pelo rosto — Tchau, Park Jisung.

Os três se afastaram e foram embora indo atrás de Chenle também, Jisung sentiu um aperto no coração e por meros segundos ele sentiu o arrependimento mas passou assim que escutou as risadas dos alunos e falando que o Park tinha mandado bem, porém a alegria não durou tanto tempo.

— Park Jisung, vamos para a diretoria agora — A professora de artes o chamou.

Como não teria aula permitiram que Zhong e os meninos fossem embora, Chenle caminhava pela rua e ignorava completamente os meninos que o chamavam logo atrás, assim que passou pela porta de casa encontrou seu pai tomando café com Gyuri, os dois olharam para o chinês mais novo preocupados ao ver as lágrimas.

— Filho, está tudo bem?

— E você se importa? — Chenle larga a sua mochila onde tinha levado as coisas para montar sua parte da exposição — Desde que a mamãe morreu você só tem cabeça para a empresa, eu cresci sem receber um pingo de atenção sua e agora quer saber se eu estou bem? Sr. Zhong, eu nunca estive bem — Ele abaixou a cabeça e subiu as escadas correndo e logo puderam ouvir o barulho alto da porta batendo e sendo trancada.

— O que aconteceu com ele? — Gyuri pergunta.

— Oh noona, senta aí que vem história — Jeno diz se sentando no sofá com outros. Talvez fosse melhor deixar Chenle sozinho agora e depois tentariam conversar quando ele estivesse mais calmo.

Enquanto isso, no quarto do chinês ele pegou o quadro que tinha guardado de Park Jisung, quebrou em pedaços e jogou pela janela do seu quarto, repetiu o mesmo processo com o primeiro desenho que fez do coreano, se já não bastasse ele ainda descontou sua frustração nos travesseiros e os jogou no chão. Se deitou na cama e deixou apenas que as lágrimas rolassem.

— Ele está certo, eu fui o monstro nessa história, se eu tivesse tomado outra atitude na época não estaria assim, mas mãe eu era uma criança sozinha, eu não tinha você para ficar do meu lado e ouvir tudo que tinha a dizer naquele tempo, a senhora sabe que eu sou igual o papai e achei que aquilo era a melhor coisa a se fazer mas não era, eu o magoei, então como posso o culpar por ter feito isso comigo? Eu mereci.

Chenle não sentia ódio ou mágoa de Park Jisung, sentia de si mesmo, culpava apenas a si mesmo e mais ninguém, e por isso doía tanto, por saber que as coisas poderiam ter sido diferentes se ele não fosse um invejoso que o único desejo fosse ter a sua mãe de volta.

Tenso!

Mano, eu tô sinceramente EXAUSTA, e sabe o pior? Eu não consigo falar isso pra ninguém em casa, eu posso até cogitar a ideia mas eu consigo contar. Ultimamente eu vivo a base de remédios, dores, tontura e desânimo completo.

"Amas Rafaela você não faz nada" eu realmente não faço praticamente nada, eu estudo mas faço tudo por cima, não sou igual essas pessoas que se esforçam completamente na escola, não trabalho, não preciso cuidar da casa toda, minhas funções é só arrumar o quarto, lavar a louça e principalmente cuidar da minha irmã.

Mas sabe qual o meu problema? Eu sugo energia dos outros, sabe? Meu humor depende TOTALMENTE das pessoas a minha volta e aqui em casa está TUDO horrível, todo mundo tá mal, todo mundo uma hora desconta em mim já que eu não abro a boca pra retrucar ou brigar, e por mais que eu esteja feliz é só ficar nesse ambiente que eu fico assim

Eu não aguento mais isso tudo aqui

Eu só queria UM dia de paz, sem escola, sem gritaria, sem dor ou ansiedade apertando meu peito, é pedir muito Deus?

Enfim, o desabafo, me desculpem por isso, beijos e eu amo vocês ♡

𝐂𝐇𝐄𝐍𝐒𝐔𝐍𝐆 𝐏𝐋𝐀𝐍// Cʜᴇɴsᴜɴɢ Onde histórias criam vida. Descubra agora