Vermelhas

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       Dei um passo à frente, em direção a moça, hesitei um pouco antes de ir, mas mesmo assim dei outro passo, e com uma tentativa de chamar a sua atenção.
       — Ei! É... Você! — disse com um tom de voz mais suave possível para não assustá-la.
       A dama parou de pegar as amoras que estavam sobre o chão, e ficou paralisada por alguns segundos.
        Fiquei com medo, pois imaginei que a qualquer momento ela poderia sair correndo por ter encontrado um louco da floresta de amoras.
        Mas ela começou a se inclinar lentamente, e pôs-se de pé em minha frente, ela se virou, engoli seco, certamente era a mais bela mulher que já havia visto em toda a minha vida.
        Tão pálida quanto a neve das montanhas mais altas, seu rosto simétrico e suas bochechas vermelhas como amora me encantaram.
       A jovem olhava fixamente para mim, e eu me perdia em seus olhos castanhos claros que realçavam junto aos raios de luz, que os deixavam com um contraste verde entre os castanhos.
       Ela parecia incomodada, provavelmente por timidez, então decidi tomar a iniciativa me apresentando.
       — Eu... Eu sou William Cadman. — disse enquanto tropeçava em minhas próprias palavras.
       — Bryana Gwendolyn. — ela falou rapidamente, parecia nervosa.
       — Então, eu precisava...
       — Você está com febre? — a bela dama cortou minha frase, se aproximando mais um pouco, levantando a palma de sua mão contra a minha testa.
       Hesitei novamente tentando dar um passo atrás, mas logo me entreguei ao seu toque.
       A mão macia e quente da morena tocou o a minha testa, me senti bem.
       — Você está muito quente, está suando, e além do mais, bem sujo. - falou com uma expressão preocupada.
       — É que eu...
       — Não fale mais nada, venha até a minha casa, eu vou te ajudar. — Bryana terminou a frase logo se abaixando para pegar a cesta de palha com os frutos.
       Minha mãe sempre me dizia para não confiar em estranhos, mas ela era diferente.
       Por algum motivo eu sentia que a conhecia, mesmo tendo acabado de encontrar a bondosa jovem de cabelos longos no meio daquela floresta de amoras.
       — Vamos? — levantou-se a moça dos olhos castanhos claros com a sua cesta de poucos frutos vermelhos debaixo do braço.
       — Vamos. — confirmei com a cabeça, logo me colocando ao seu lado.
       Seguimos o caminho de terra até a casa dela, não era muito longe dali.
       Sua casa ficava do lado de fora dos muros da cidade, a porta, feita de madeira rústica, que foi empurrada pela bela mão da jovem, abrindo-a.
       Com a cesta de palha abaixo de um dos seus braços, entrou em sua casa e colocou o cesto em uma mesa de madeira já velha e acabada.
       Já dentro de casa, a moça se virou pra mim com um tom de voz suave.
       — Entra.
       Ainda com um pouco de receio, entrei em seu lar, um pouco desconfortável por estar sozinho com a belíssima mulher que havia acabado de encontrar na floresta de amoras.
       — Então, William... — deu uma pausa enquanto molhava um pano em uma bacia com água. — De onde você vem?
       — Eu vim de Between Hills. — respondi a sua pergunta com uma voz mais lenta.
       Por um momento, lembrei de tudo o que me aconteceu, abaixei um pouco a minha cabeça por todas as cenas terríveis que passavam em minha mente.
       Quando de uma forma espontânea, Bryana se aproximou de mim sem nem mesmo perceber, encostou seu dedo indicador embaixo do meu queixo, e levantou minha cabeça, tendo visão ao seu belíssimo rosto.
      — Sei tudo que tem passado, guerreiro. — falou enquanto olhava no fundo dos meus olhos com um leve sorriso em seu rosto.
      Por um momento arregalei meus olhos, descobri o verdadeiro significado daquela sensação.

Amoras, Vermelhas Como SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora