Lágrimas

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        Por um momento, lágrimas também começaram a cair de seus olhos.
       — Eu não imaginava que isso havia acontecido. — disse a dama com um tom melancólico.
       — Tudo bem, apenas vamos procurar alimento e um local para ficar. — disse limpando as minha lágrimas.
       Bryana balançou a cabeça de forma afirmativa, mesmo que estivessemos com as roupas rasgadas, provavelmente alguém a reconheceria como princesa.
       Estava pendurada uma capa matrapilha de pano grosseiro sobre uma estaca de madeira, a jovem se revestiu com o mesmo para ocultar a sua face.
       Andamos por alguns minutos em meio a várias pessoas até encontrarmos uma estadia, era um lugar pobre e caindo aos pedaços.
       Infelizmente era o único local aonde poderíamos ficar, pois todos os locais estavam cheios pela festa que tinha por motivo a vitória de uma guerra.
       Entramos no estabelecimento, encontramos um velho, era um sujeito bem estranho, de barba e cabelos longos e brancos, falava de um jeito arrastado.
       Mas nos ofereceu moradia pelas minhas últimas duas moedas de prata.
       — Espero que aproveite sua estadia, princesa. — falei de um jeito sarcástico, meio irônico para retirar um sorriso de Gwendolyn e quebrar todo aquele clima tenso.
       Ela deu uma risada baixa e deu um tapa fraco com sua mão pálida e delicada sobre meu braço.
       Andamos pelo corredor até chegar ao nosso quarto, até que era grande e sempre que a moça precisasse de privacidade, iria sair do cômodo até que terminasse seus afazeres.
       O velho foi gentil e havia oferecido um local de banho, e roupas novas, onde tivemos que ir um por vez, mais precisamente pelo respeito da moça da realeza.
       Enquanto esperava Bryana sair do banho para que entrasse, estava sentado sobre um banco rústico de madeira no corredor.
       Havia esquecido por um momento meu objetivo principal, que era ter minha vingança pela minha família.
       Dizer aquilo para a mulher de cabelos longos, me fez lembrar o que eu realmente deveria fazer, lembrar do rosto do meu povo sofrendo sem ainda ter o inimigo embaixo dos meus pés não era permitido.
       Me sentia tão cansado, como nunca me sentia antes, a bela dama me animou e sempre me fez esquecer a todo momento sobre aquilo, mas lembrar me fez colocar todo aquele peso sobre mim novamente.
       Precisava me focar, minha cabeça começou a ficar pesada e minha visão se embaçava, não conseguiria sentir o meu corpo, nada me obedecia.
       Novamente tudo ficou branco, e estava a frente de uma árvore, perto de suas raízes, grama verdejante crescia, suas folhas eram bem vivas e seu tronco era enorme.
       Nunca havia visto algo daquele jeito, resolvi me aproximar para verificar o que estaria acontecendo em minha mente.
       O espaço branco se distanciava quanto mais me aproximava da árvore, até sentir um toque suave sobre o meu ombro, e uma voz que ecoou como brisa sobre meus ouvidos.
       — Você tem prosseguido bem, guerreiro. — disse a voz desconhecida, continuando. — Mas tem a certeza de que é o certo?
       Estaria paralisado, tentaria falar, mas da minha boca não saiam palavras.
        Tudo estava muito confuso, sentiria medo, porém um alívio momentâneo, estava nervoso, mas logo me acalmava.
       "Havia a presença de outra pessoa naquele ambiente?"
       Me questionava silenciosamente, mas sentia que aquela era a hora de virar para trás e saber quem se escondia de mim.

Amoras, Vermelhas Como SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora