Amoras, Vermelhas Como Sangue

Princesa

       Estava prestes a saber toda a verdade sobre a moça das amoreiras que se tornou tão misteriosa quanto as águas mais profundas dos oceanos.
       Nunca havia visto um, mas com certeza ela era mais linda do que toda e qualquer água, era de partir o coração vê-la naquele estado.
       Estava morrendo de cansaço, me acomodei melhor para pernecer sentado e escutar a história sobre a Bryana.
        Seus olhos castanho claros escorriam lágrimas que corriam até caírem de seu belo queixo.
       — Eu... — ela começou a falar, mas hesitou um pouco. — Eu sou realmente uma princesa...
       Fiquei espantado, era de se esperar, mas sentia que meu coração ainda não estava preparado para aquilo.
       — O meu pai... — continuou a bela jovem. — Ele maltratou muito a minha mãe no passado, com traições e brigas... Minha mãe não resistiu e morreu de desgosto.
       Meu peito não aguentaria de tanta tristeza, meus olhos se encheriam de lágrimas enquanto ela dizia aquilo com dificuldades e chorando.
        — Com as traições, o "incrível" rei desse reino, acabou tendo um filho bastardo, que foi rejeitado. — dizia a de cabelos longos. — Eu vi essa criança... Ela vive no meio da pobreza por culpa dele!
       — Bryana... — minha voz saiu fraca, com minhas últimas forças tentaria consolar a belíssima moça.
       — Eu não quero fazer parte de tudo isso! — aumentou seu tom de voz. — Não quero ser dessa família! Só quero ir embora...
      Ela caiu em prantos sobre o meu peitoral, a mulher mais linda que já havia encontrado, estava desconsolada sobre mim.
       Não sabia o que fazer, apenas coloquei minha mão sobre sua cabeça, e passei meus dedos delicadamente entre seus cabelos.
       — Às vezes nascemos em famílias ruins, e queremos sair delas, outras vezes, nascemos em famílias boas que são tiradas de nós. — acabei dizendo por impulso. — Família é algo muito bom, mas tudo depende das pessoas.
       Gwendolyn continuava a chorar descontroladamente, apenas a envolvi em meio aos meus braços e lhe dei um abraço.
       A mulher com seus belos olhos castanhos e amendoados parou de chorar por um instante, mas logo me agarrou em minhas vestes e soltou todas suas lágrimas sobre mim.
       Guardar seus problemas a fez carregar um fardo muito pesado, e eu fui o único que a entendi.
       Apenas fiquei ali em silêncio, não havia muito o que fazer além de estar com ela, que era tudo o que eu mais queria.
       Caí no sono sentindo o calor de seu corpo, quente e delicado, a primeira vez que me fez sentir tocar os céus, mesmo com aqueles problemas na terra.
       Senti um forte raio de luz vindo sobre meu rosto, tentei colocar minha mão na frente em uma tentativa de escapar dessa luz que incomodava meus olhos, quando percebi, já havia amanhecido.
       Olhei para baixo e vi a mulher mais linda dos quatro reinos deitada sobre meu peito.
       Mesmo com suas roupas sujas e rasgadas, ela adormecia com seu rosto angelical, conseguiria sentir sua respiração perto ao meu pescoço.
     Seu belo rosto simétrico, com cílios tão grandes me encantavam, seu corpo estonteante conseguiam me deixar louco.
      Mas não era hora de pensar sobre aquilo, mas sim de achar um local para ficar.
       Fiquei alguns minutos observando a dama de cabelos longos e ondulados, pois não sabia como acordá-la.
       Lentamente Bryana foi abrindo seus lindíssimos olhos, se espreguiçando e alongando seu corpo, nem perceberia que havia um pouco de sua saliva sobre minha roupa de cima.
       — William... — murmurou enquanto se espreguiçava.
       — Sim? — respondi um pouco preocupado, pensei que estaria ferida ou algo do tipo.
       — Foi muito corajoso você me salvar daqueles guardas... — disse com uma voz sonolenta se aproximando do meu rosto.
       — Na... Na verdade foi você que me salvou... — falei meio tenso, estava nervoso com aquela situação, e olhei para os lados concluindo. — Se não fosse você ter quebrado aquele vaso na cabeça daquele homem, certamente eu teria perdido a vida.
       Ela riu, sua risada era tão linda e gostosa de se ouvir, acabava sendo contagiosa, me deu vontade de rir também, acabei dando um pequeno sorriso.
       — Seu sorriso é tão lindo... — disse a mulher com seu rosto pálido e seus lábios rosados se aproximando de mim.
        O calor de todo seu corpo por cima de mim, e seu rosto quente que se aproximava, me excitavam de uma maneira que jamais havia sentido.
       Lentamente Bryana fecharia seus olhos estonteantes e aproximaria cada vez mais de mim, inclinando levemente sua cabeça para o lado.
       Estava nervoso com aquela situação, nunca havia feito algo parecido em minha vida, mas decidi seguir seu ritmo.