Capítulo 1

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Nunca imaginei que minha vida mudaria tão drasticamente em tão pouco tempo. Uma simples viagem internacional, transformou-se em um pesadelo do qual não consigo acordar. Tudo começou quando fui vendida e entregue a um homem poderoso, um CEO implacável.

Minha família, aqueles miseráveis a quem ainda chamo de parentes, me venderam por dinheiro. Recusei-me a continuar sustentando suas dívidas absurdas de bar e drogas, e este foi o preço que paguei. De um dia para o outro, minha vida de estudante de direito foi arrancada de mim e substituída por uma realidade cruel e impiedosa.

Ao chegar na casa, eu estava confusa, assustada e sem saber o que esperar. As primeiras horas foram um turbilhão de incertezas. Fui colocada em um escritório, tentando entender o que acontecia ao meu redor. Foi então que um homem entrou, com um olhar penetrante e uma aura de autoridade. Ele se apresentou como um dos meus "clientes", e naquele momento, percebi que meu destino estava selado de maneiras que eu jamais poderia imaginar.

 Cliente? Cliente do quê?  perguntei, tentando disfarçar o medo na minha voz.

O homem se aproximava enquanto eu me afastava. Ele começou a desabotoar sua camisa branca, respirando ofegante. Naquele momento, percebi com horror que talvez eu fosse destinada a ser uma prostituta. Meus olhos fixaram-se em uma pequena garrafa de vodka sobre a mesa. O homem nojento me guiava, pressionando-me para deitar na mesa. Sem pensar, segui sua ordem, mas ao deitar meu tronco, estiquei o braço e agarrei a garrafa, golpeando com toda a força sua cabeça.

 Que merda!?  gritou ele, cambaleando.

A porta se abriu de repente, revelando um homem alto e de cabelos castanhos, com uma expressão de desespero. Ele congelou ao ver a cena: um homem com a cabeça sangrando e uma mulher sentada na ponta da mesa.

 Sua desgraçada! Você vai morrer  rugiu o homem ferido.

O homem nojento levantou a mão para me agredir, mas alguém entrou no meio e o impediu. Eu o encarei, com uma expressão desafiadora, minha cara intacta como se nada mais pudesse me abalar. Ser a filha rejeitada tinha me endurecido.

— Eu quero sair daqui  — declarei, firme.

— Você não é a Roberta... — disse o homem confuso.

 Não mesmo! Eu sou a Ayla. E você é?

 Micael  respondeu ele, voltando-se para o homem ferido e o retirando da sala.

Assim que Micael fechou a porta, pude respirar novamente e me levantei. Fui até a porta e a abri, encontrando dois seguranças e uma moça que parecia ser da limpeza. Dei espaço para ela passar e saí, dirigindo-me para o que parecia ser uma sala de estar. Lá, encontrei vários livros e uma enorme televisão, um contraste bizarro com o clima opressor do lugar. Continuei explorando e abri uma porta para encontrar vários homens com mulheres, alguns usando drogas. O ambiente era sombrio e decadente, refletindo a realidade cruel na qual eu agora estava imersa.

De repente, senti alguém me puxar com força e me pressionar contra a porta que tinha acabado de se fechar. Era Micael, que aproximou seu rosto do meu com uma expressão impaciente.

— Se você abrir mais uma porta, eu vou te colocar no meio daquele monte de homens. E se você resistir, vou te amarrar com força e deixar você... me entendeu?  Micael disse, seu tom ameaçador.

— Entendi, agora sai de perto de mim...  respondi, tentando manter a calma.

Ele ficou mais alguns segundos ali, me observando, antes de finalmente se afastar. Micael começou a andar de um lado para o outro, claramente irritado.

 Você é a menina que foi designada para ser minha esposa, não é?  Micael perguntou, o desprezo na sua voz.

 Esposa?  comecei a rir, incrédula.  Vou ser esposa de um merda desse? Complicado, viu.

 O que você disse?  Micael rosnou, seus olhos brilhando com raiva.  Liu, leva ela para o quarto lá em cima, o que foi designado a ela, antes que eu faça algo que me arrependa.

Ele fez um sinal para Liu, um homem imenso que parecia mais um armário do que uma pessoa. Liu me pegou com força pelo braço e me arrastou até o segundo andar. Sem um pingo de delicadeza, me largou no quarto, deixando-me sozinha.

 Desgraçado!  gritei, batendo com raiva na porta que se fechou atrás de mim.

Comecei a olhar ao redor e percebi que estava em uma verdadeira prisão. As paredes eram frias e sem janelas, e a única mobília era uma cama e uma pequena mesa. Depois de algumas horas, a porta se abriu com um rangido e uma mulher de cabelos negros ondulados entrou. Sua expressão era severa e ela carregava uma prancheta.

 Ayla Park... 21 anos, solteira, estudante de direito, a filha mais nova e a primeira a sair de casa, namorou duas vezes e as duas vezes foi traída... certo? — disse ela, enquanto começava a anotar.

 Quem é você?  perguntei, tentando manter a calma.

— Ana. Vai se acostumando com a minha cara  respondeu ela, com um tom frio e autoritário.

 Por que eu deveria fazer isso?

— Porque sou o braço direito do Micael. Então, vamos nos encontrar com frequência — Ana disse, dando um sorriso sombrio.

Revirei os olhos e fui até a porta, tentando abrir.

— Você gosta de ficar abrindo portas, mas essa não  Ana disse, com um sorriso malicioso. Ela se aproximou, pegou meu dedo e passou uma tinta preta antes de carimbar um papel com ele.  Pronto, foi fácil até... para uma estudante de direito, você é bem burrinha.

— Tá achando graça? - perguntei, irritada.

 Talvez... - Ana respondeu, dando uma risadinha antes de sair do quarto.

A porta se fechou atrás dela e comecei a bater com força, meu desespero crescendo. O som dos meus socos ecoava pelo corredor vazio, mas não havia resposta. A sensação de impotência e frustração era esmagadora, e eu me perguntava quanto tempo duraria esse pesadelo.

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