Capítulo 2

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O som abafado de passos no corredor me acordou. Minha primeira noite no quarto reservado para mim foi um pesadelo sem fim, e o sono que consegui não foi o mais reparador. O ambiente era frio e impessoal, com pouca luz filtrando através da única janela estreita coberta por uma cortina opaca.

Acordei com a sensação de estar em um pesadelo constante. O quarto, com suas paredes brancas e sem decoração, parecia um reflexo da prisão em que minha vida havia se transformado. A imagem de Ana, com seu sorriso malicioso, ainda estava fresca em minha mente, assim como o som das minhas mãos batendo na porta.

Levantei-me lentamente, sentindo o peso da situação sobre meus ombros. A noite anterior parecia ter sido apenas o começo de algo muito mais sombrio. Caminhei até a pequena janela e olhei para fora, tentando identificar qualquer sinal de familiaridade no mundo lá fora, mas o que vi foi um prédio cinza e indiferente.

Um leve toque na porta me fez estremecer. A porta se abriu lentamente, revelando um dos seguranças que havia visto antes. Ele entrou com um prato de comida simples e um olhar neutro, como se minha presença ali fosse apenas mais uma parte de sua rotina.

 Café da manhã   ele anunciou, deixando o prato em uma pequena mesa e saindo sem uma palavra a mais.

O prato continha uma porção de alimentos básicos e pouco apetitosos. Olhei para a comida com desdém, mas sabia que precisava comer para manter as forças. Depois de me sentar à mesa, comi em silêncio, minha mente fervilhando com pensamentos sobre o que me esperava.

Minhas reflexões foram interrompidas quando ouvi passos no corredor novamente, mais pesados desta vez. O som aproximava-se e, em seguida, a porta se abriu. Era Micael, com seu olhar severo e postura dominante.

— Como você está se adaptando?  perguntou ele, a voz carregada de uma curiosidade fria.

Eu levantei a cabeça, desafiadora. — Adaptando-me? Isso parece mais uma prisão do que uma casa.

— E ainda tem muito mais a enfrentar — ele respondeu, entrando no quarto e fechando a porta atrás de si. — Tem algum problema com isso?

Micael se aproximou da mesa onde eu estava sentada e se apoiou na borda com um olhar avaliador. Havia algo de intimidante em sua presença, como se ele estivesse sempre à espera de um motivo para se mostrar ainda mais implacável.

— Você sabe, Ayla, sua situação aqui não é algo que eu gostaria de manter por muito tempo  ele disse, sua voz fria e calculista. — Existem algumas regras que você precisa entender. Aqui, sua opinião sobre o que é justo ou não não importa. O que importa é como você se comporta.

— Regras? —  perguntei, desafiadora. — Eu gostaria de saber qual é a verdadeira razão de eu estar aqui. Por que fui escolhida para isso?

— Micael levantou uma sobrancelha, evidentemente surpreso com minha audácia.  Você realmente acha que tem o direito de fazer essas perguntas?  Ele deu uma pausa, olhando para mim com uma expressão indecifrável.  Sua família fez um acordo, e você é parte dele agora. O contrato que assinamos garante que você se casará comigo, formalizando uma aliança que foi estabelecida para proteger interesses mútuos. O que eu posso lhe dizer é que sua vida aqui depende muito mais de suas ações do que você imagina.

A tensão no ar era palpável. Eu sabia que precisava manter a calma, mas a raiva e a frustração estavam quase me sufocando. Antes que eu pudesse responder, Micael fez um gesto para que eu o seguisse.

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