Capítulo 7

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Enquanto o silêncio confortável se instalava no quarto, Michael começou a se afastar levemente, ainda mantendo a mão em volta da minha. Senti seu corpo tenso ao meu lado, como se uma nuvem de incerteza tivesse caído sobre ele. Ele finalmente soltou minha mão, e quando olhei para ele, vi a confusão e o arrependimento estampados em seu rosto.

— Isso... — Michael começou, a voz baixa e carregada de hesitação. — Isso foi um erro, Ayla. Não deveria ter acontecido.

Suas palavras foram como um balde de água fria, e o calor que sentia momentos antes rapidamente se transformou em uma sensação de vazio e frustração. Eu me afastei dele, sentindo a raiva começar a crescer dentro de mim.

— Um erro? — repeti, minha voz carregada de incredulidade. — É assim que você vê isso?

Michael suspirou, passando a mão pelos cabelos em um gesto de frustração. Ele se levantou da cama, mantendo uma distância entre nós como se isso fosse apagar o que havia acabado de acontecer.

— Estamos sob contrato, Ayla. Isso... não deveria ter acontecido. Não pode haver espaço para sentimentos. — ele disse, tentando soar racional, mas sua voz traía a emoção que ele tentava esconder.

Eu me sentei na cama, abraçando meus joelhos, sentindo a fúria borbulhar dentro de mim. Como ele podia ser tão frio, tão calculista, depois de tudo o que acabara de acontecer?

— Você acha que pode simplesmente jogar isso fora, como se não significasse nada? — minha voz era cortante, cheia de raiva.

Michael me olhou, e por um breve momento, vi a luta interna em seus olhos. Mas, em vez de se aproximar, ele deu um passo para trás, como se estivesse decidido a manter aquela barreira entre nós.

— Não é que não signifique nada. É que... — ele começou, mas as palavras morreram em sua boca. — Eu preciso ir. Isso só vai complicar tudo.

Antes que eu pudesse responder, ele saiu do quarto, fechando a porta atrás de si com um baque surdo. Fiquei ali, sozinha, sentindo a raiva e a decepção tomarem conta de mim. Como ele podia ser tão contraditório? Ele se importava o suficiente para me segurar durante a noite, mas não o suficiente para enfrentar o que estávamos sentindo?

Eu não podia ficar ali, esperando que ele decidisse o que queria de mim. Precisava de um espaço para pensar, para escapar daquela confusão emocional que Michael havia criado. Sem pensar duas vezes, levantei-me da cama e comecei a me vestir rapidamente. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para a única pessoa que eu sabia que poderia me ajudar a fugir daquela situação sufocante: meu amigo.

"Preciso te ver. Agora."

Não esperei pela resposta. Sabia que ele entenderia a urgência da minha mensagem. Abri a porta do quarto com cuidado, espiando pelo corredor para me certificar de que ninguém estava por perto. Quando tive certeza de que estava sozinha, saí do quarto em direção à saída do hotel, movida pela adrenalina e pela necessidade desesperada de escapar.

Quando finalmente saí do hotel e senti o ar frio da noite na minha pele, soube que estava fazendo a coisa certa. Eu precisava de espaço, de alguém que me entendesse, alguém que não me visse apenas como parte de um contrato.

Enquanto caminhava para encontrar meu amigo, prometi a mim mesma que não deixaria Michael me magoar novamente. Se ele queria manter as coisas estritamente profissionais, então era exatamente assim que eu trataria a situação daqui para frente.

Eu andei pelas ruas escuras da cidade, sentindo o vento frio bater contra meu rosto. A cada passo, a raiva dentro de mim se transformava em uma mistura de tristeza e confusão. Michael tinha o poder de me fazer sentir coisas que eu não queria sentir, e agora eu estava fugindo, não apenas dele, mas de tudo o que ele representava.

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