Amor Negociado

Capítulo 10 - A Visão de Michael

Eu estava sentado no escritório, meu coração ainda acelerado pela discussão com Ayla. A raiva e a frustração estavam se dissipando lentamente, dando lugar a uma sensação de desolação. O telefone vibrou novamente, e eu olhei para a tela. Era uma mensagem de Ana.

"Michael, você está bem? Percebi que algo não está certo. Posso ir aí?"

Respirei fundo, sentindo o peso da situação. Eu sabia que Ana estava preocupada e disposta a ajudar, mas agora não era o momento certo para lidar com sentimentos que eu não poderia retribuir. Ana sempre foi uma amiga, mas eu não estava pronto para enfrentar essa conversa emocional. Eu precisava de alguém que entendesse a situação de uma perspectiva mais objetiva.

Ignorei a mensagem de Ana e decidi ligar para David, meu melhor amigo e confidente. David sempre foi alguém com quem eu podia contar para uma visão clara e imparcial, especialmente em momentos de crise. Eu precisava de um conselho racional e de alguém que pudesse me ajudar a organizar meus pensamentos.

Disquei o número de David e, após alguns toques, ouvi a voz dele do outro lado da linha.

— Michael? O que aconteceu? — David perguntou, a preocupação evidente em sua voz.

— David, precisamos conversar. É sobre Ayla — respondi, tentando manter a voz firme, apesar do turbilhão interno.

— Claro, estou a caminho — ele disse imediatamente.

Eu esperei ansiosamente, minha mente girando em torno dos acontecimentos recentes. Quando David chegou, o ambiente estava carregado com a tensão que eu sentia. O encontro no escritório estava marcado por uma sensação de urgência e um desejo de encontrar uma solução.

David entrou, seu olhar curioso e atento notou o copo quebrado no chão. Ele percebeu rapidamente o estado em que eu me encontrava e se dirigiu ao sofá onde nos sentamos.

— Então, o que aconteceu? — David perguntou, sua voz calma e controlada, um alívio para minha mente atormentada.

Eu respirei fundo e comecei a explicar a situação, desde a discussão acalorada com Ayla até a decisão dela sair de casa. Cada palavra parecia uma liberação de um peso que eu estava carregando.

— Eu não sei o que fazer, David. Ayla foi embora e eu sinto que tudo está desmoronando. Eu cometi erros, e agora estou perdido tentando consertar as coisas.

David ouviu atentamente, sem interromper. Quando terminei, ele se recostou na cadeira, pensativo.

— Michael, eu entendo que você esteja passando por um momento difícil. Mas você precisa enfrentar isso de frente. Se há algo que você pode fazer para reparar o que está quebrado, deve tentar. Ignorar a situação não vai ajudar.

— Eu sei, mas e se Ayla não quiser ouvir o que eu tenho a dizer? E se ela já tiver decidido seguir em frente? — perguntei, minha voz carregada de desespero.

— Você realmente criou sentimentos pela Ayla? — David perguntou curioso. Desde o meu último relacionamento, eu nunca havia demonstrado qualquer tipo de afeto, e ele estava intrigado com minha reação.

— Sim... no começo foi difícil, depois daquilo que a Ana fez de dopar ela sem eu saber e depois trazer ela pra cá, foi a melhor coisa porque nos aproximamos de uma forma boa, uma forma amiga que, em questão de dias, virou uma paixão... mas sempre disse que era pelo contrato.

— E por que não conta a verdade pra ela? — David perguntou, a preocupação evidente em sua voz.

— Ana iria surtar. E, honestamente, não sei o que ela poderia fazer de mal. Eu a conheço bem o suficiente para saber que ela é uma pessoa má — respondi, frustrado. — Ela já tem um apego emocional intenso e eu não quero piorar a situação.