Monstros não existem!

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São quase 10 horas da noite e os únicos sons naquele silêncio são minhas unhas compridas no balcão de madeira e o tic tac do relógio. Mesmo dentro do estabelecimento, dava perfeitamente para ver a fumaça saindo das minhas narinas, estava muito frio em Hated City e por isso algumas pessoas que passavam aqui na frente, abraçadas em seu próprio corpo tentando de alguma forma se aquecer e com a neve forte, não ajudava em nada.

Era normal nessa época do ano já que estávamos no mês 15, faltando 2 meses para a chegada de algumas bruxas na cidade, quando sempre comemoramos o fim dos 527 dias longos.

Mas isso sempre tinha os bons e ruins lados, segundo os boatos, se ao chegar meia noite e não estivermos em casa, nos transformamos em algo bizarro, claro, nunca acreditei nesses boatos, mas minha mãe não me deixa de forma alguma sair de casa nos meses Ninhate e nem em Temhate, esses seriam os meses da transformação e os últimos meses da virada do ano (ou seja, nos meses que as bruxas chegam).

Mesmo aos 90 anos, chegando a fase adulta, ela insiste em fazer lembrar as regras desse mundo caótico e sobrenatural. Às vezes me pergunto como seria nascer em um mundo normal, onde os humanos eram normais, claro, sempre ouvimos alguns estilos de música bregas de antigamente como o tal do Fak? Fruti? Funka? Fiuk? Bem, não lembro perfeitamente, mas é surreal como as pessoas tinham mal gosto em 2000.

Resolvo vagar pela drogaria e varrer o chão sujo de terra deixado por algumas pessoas de mais cedo, talvez devesse pôr algum tapete na entrada para facilitar meu trabalho, mas pensando por um lado, daria mais trabalho para mim, já que teria que lavar o tapete e limpar o chão do mesmo jeito.

Fecho as portas de vidro e ligo o aquecedor, estava realmente muito frio nesta noite. Não espera nem dois segundos e entra minha prima, limpando os ombros e a cabeça retirando o excesso da forte tempestade de neve deixada antes de entrar.

— Engraçado que de tarde o Sol estava vermelho e quente, agora a lua parece que ficou verde de uma hora para a outra. — resmungou, terminando de limpar seu casaco.

Limitei em dar uma pequena risada e voltar para trás do balcão, ficando no caixa. Suas bochechas coradas e fofas estavam maior que antes, deve está mastigando algo.

— Não vai para casa? Está quase dando meia noite. —  balançou a cabeça retirando a neve da toca. Neguei com a cabeça e logo virei para o relógio.

— Falta duas horas ainda, Yeon. E também não sei para que dar tanto crédito para falsos boatos. — limpei o balcão da sujeira que estava deixando por onde passava.

— Não me chame assim, Chou. Nay, apenas. — repreende, soltando uma lufada de ar. Dei um sorriso falso e joguei um lencinho quente para ela limpar os cílios congelado. — Mesmo assim, até chegar na sua casa já deu a hora, ainda mais nessa tempestade.

— Vou de mott, é mais rápido. Vem cá, não era para você estar na sua casa? — levantei a sobrancelha.

— Estava com Jennie. — agora minhas duas sobrancelhas estavam arqueadas. — Estávamos na casa da tia dela. — explicou-se enquanto tirava as botas ainda para tirar o resto de neve.

— Você está sujando todo o meu estabelecimento que acabei de limpar, Nayeon! — ela olhou para o rastro deixado da porta até o balcão, assim voltando para mim com indiferença.

— Desde quando isso é um estabelecimento? Está quase caindo na sua cabeça, ninguém mais vem comprar nada aqui. Essa casa de cupim pod-

— Vou expulsar você. — ameacei, apontando o dedo em sua cara.

♤Chaotic World♤ 》Satzu《Onde histórias criam vida. Descubra agora