Odeio essa verdinha!

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Acordei incomodada com a forte luz em meu rosto. Meu corpo todo estava extremamente doloroso, sentia a cada movimentação que dava para levantar. Não aguentei a imensa luz, coloquei a mão sobre a testa, dando para enxergar melhor onde eu estava. Surpreendi com o que vi. Eu estava sentada sobre a grama macia, que dava de frente para uma linda paisagem, com cachoeira enorme na minha frente. A água cristalina batia sobre as pedras, dando pequenas ondas até chegarem aos meus pés.

Estranhamente hoje o sol estava amarelo.

Passei a língua pelos lábios, sentindo a urgência de tomar água. Por um momento eu esqueci que estava dolorida, a sede falou mais alto. Fiquei de joelhos, juntando as mãos no formato de concha, erguendo a água até minha boca. Foi um alivio tão grande.

Reparei as manchas de sangue por minhas mãos, não tardei para começar a lavar, jogando a água em meu rosto também. Verifiquei minhas roupas rasgadas, sujas de sangue, fiz uma careta de nojo, não conseguindo aguentar ficar nem mais um segundo com aquilo.

Entrei na água que estava um pouco fria, sentindo meus músculos tensionarem e meus pelos arrepiarem. Comecei a banhar, deixando todo aquele sangue ir embora sobre as ondas que meus movimentos causavam. Suspirei cansada, me deixando flutuar. Adaptei mais com a luz do dia, enxergando as nuvens, algumas roxas, outras amarelas, rosas. O dia estava tão lindo.

Ouvi um gemido baixo, o que me deixou em alerta. Fui saindo vagarosamente, com meus olhos rápidos passando pelo local, avistei um pequeno corpo que estava sobre algumas folhas, tremendo. Franzi a testa, apertando os passos para não fazer barulho.

Terminei a distância, conseguindo visualizar suas costas que estava virada para mim, ela estava de lado. Parei a mão no ar, indecisa se tocava ou apenas a deixava lá. Algumas folhas estavam grudadas sobre a lateral do seu corpo, para ser mais exata, bem em cima das costelas. Inclinei para frente, deixando o peso do meu corpo sobre meus punhos não chão.

 Arregalei os olhos.

— Sana... — sussurrei, sentindo meu corpo gelar ao notar o seu tão machucado. Senti uma agonia por não lembrar como chegamos a esse ponto. — O que aconteceu com você? — eu podia ouvir sua respiração fraca, às vezes entrecortava.

Fui para o outro lado, conseguindo enxergar seu rosto que tinha algumas manchas roxas na têmpora. Cheguei mais perto, dando para sentir a quentura da sua respiração fraca bater em meu rosto. Passei a ponta do nariz no seu, levando mais até sua testa, onde deixei um demorado selar.

Passei os dedos sobre seus cabelos que estavam caídos em seu rosto, o levando com delicadeza para trás da orelha. Fechei os olhos, voltando a passar o nariz sobre sua pele, novamente tocando seu nariz.

— O que eu fiz com você, Sana? — apertei os olhos. Encostei a mão em seu rosto, fazendo um carinho com o polegar.

Algumas lembranças desagradáveis começavam a surgir, não muito com clareza, mas flash de bruxas sendo morta a sangue frio, tendo seu corpo totalmente decapitado, por mim.

Abri os olhos ao sentir o suspiro falhado de Sana, antes mesmo que a onda de culpa caísse sobre mim. Ela movimentou primeiro a cabeça para cima, fazendo careta, para logo dobrar o corpo para o céu. Sorri ao ver seus olhos apertarem, o incômodo em seu rosto ficou ainda maior.

Rapidamente levei a mão para cima de suas pálpebras que começaram a despertar, abrindo e fechando lentamente. Eu podia sentir meu coração martelando com rapidez, cada vez que ela acostumava com a claridade.

Seus olhos vagaram primeiro para a minha mão, franzindo a testa, confusa. Eu estava começando a ficar ansiosa quando ela subiu, alcançando meus olhos, os mantendo fixo.

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⏰ Última atualização: Jan 13 ⏰

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