almoço

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Enfio minhas mãos por baixo da camisa de seu pijama, deslizando os dedos em sua pele fria. Baz segura meu pescoço, acaricia meus cachos do jeito que sabe que eu gosto.

Sua língua é fria. Eu aqueço por dentro. Eu quero aquecê-lo de volta.

Com uma série de movimentos meio afobados, eu troco nossas posições — ele permite que eu faça —, tirando minhas asas do caminho e abrindo-as acima de nós. Baz as observa por um segundo, depois alcança minha boca outra vez, com vontade.

Quero beijá-lo só por beijar, quero tocá-lo só porque é bom. Mas estou todo inquieto hoje. É fácil me perder em seu cheiro, quando mordo seu pescoço... não, não, não. Penso em ser gentil, delicado. Ele gosta tanto quando sou delicado. Ele cheira como uma cachoeira, como água gelada. Mordo perto de sua orelha. Mordo perto de seus cabelos. Seu cheiro... Seu cheiro....

Paro.

Reúno tudo que há em mim e paro.

— Simon — ainda estou com o rosto na curva do seu pescoço. Acho que estou tremendo um pouco. Acho que não vou chorar. — Amor? Você precisa respirar? — faço que sim. — Vem aqui.

Baz me faz deitar ao lado dele, cara a cara. Ele me observa; parece preocupado. Eu tento manter o olhar nos seus olhos, tento não quebrar o contato visual.

— Desculpa. Eu achei... pensei que isso... — solto um suspiro longo. — Pensei que tinha passado.

— Dias difíceis existem. Está tudo bem, Simon — Baz acaricia os cabelos na minha nuca. Respiro um pouco.

— Acho que é porque acordei com a cabeça meio... sei lá... a mil por hora...

— Tem algo te chateando?

— Não. É só... meu aniversário. Geralmente não me importo. Teve uma vez que nem lembrei que dia era até Agatha me dizer parabéns. Mas...

Mas...?

— Não sei... parece que tem um peso maior agora. Agora que eu sei... — que eu sei quem é minha família, que eu sei quem eram meus pais... — Faz sentido?

— Acho que sim — ele se aproxima, no que eu subo a mão um pouco mais em suas costas, por cima da blusa agora.

— Sinto que as coisas estão diferentes, e acho que podem mudar mais... você sabe... os Salisbury...

— Tem alguma coisa que eu possa fazer, amor? Pra te ajudar hoje...

Nossas pernas estão enroladas, minha cauda contornando a panturrilha dele, seu nariz quase toca o meu — faço eles se encostarem, esfregando o meu na pontinha torta do seu.

— Pode continuar fazendo isso aí — ele está apertando a parte de trás do meu pescoço. Fecho os olhos e Baz cola a testa na minha. Ficamos assim por um tempo. — Lindo? — sussurro.

— Oi?

— Sobre o que você disse no outro dia... pra eu ligar pra psicóloga, eu estava pensando nisso...

— Mesmo? — seu rosto se afasta do meu. Quando abro os olhos, ele está me analisando.

— Uhum. Eu... acho que quero voltar a fazer as sessões. Tipo, eu dei outra chance a nós e está funcionando, não é? Talvez eu devesse tentar de novo. Tentar direito — Baz pressiona os lábios em minha bochecha.

— E eu acho que você está certo. C'est mon homme — ele leva a mão até meu rosto e começa a cutucar minhas pintas com o dedo indicador, como se as estivesse contando.

21 de junhoOnde histórias criam vida. Descubra agora