Prólogo

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Oi, família! :)

Espero que gostem da fic, é bem diferente do que costumo escrever. Comentem para me ajudar no job, amo vocês.

Prontos? Boa leitura!
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— Mamãe. – Benjamin chamou baixo.

Puxou levemente a barra da camisa de Cheryl que estava tentando a todo custo estabilizar a internet no notebook para a reunião que teria em menos de uma hora.

— Oi, Ben. Mamãe está ouvindo.

— Vamos ver o pássaro grande hoje?

— Avião, meu amor. Se chama avião. – Corrigiu com ternura.

Cheryl desprendeu seu olhar do notebook e levou a mão até o cabelo jogando as mechas para trás, suspirou baixo e sorriu fraco para o menino em sua frente. Ela odiava negar algo tão simples ao seu filho, principalmente quando esse algo era da rotina que ele já estava acostumado.

— Vamos ver o... avião grande, mamãe?

— Hoje não, Ben. – Pegou seu celular e acendeu a tela para mostrar o relógio digital, virou o celular para o pequeno ruivo. – Sabe que horas são?

— Número oito e número três e número cinco. – Falou com atenção, apontando número por número. – Oito e trinta e cinco. Oito e cinquenta é o avião grande.

Cheryl sorriu de lado em satisfação e orgulho. Benjamin estava cada dia mais esperto, ele era um menino muito inteligente, principalmente com números.

— Isso, amor. Mas hoje a mamãe precisa fazer um trabalho muito importante na hora do avião. Então só podemos ver o avião amanhã, tá bom?

Benjamin uniu levemente suas sobrancelhas, havia ficado confuso. Oito e cinquenta era a hora do avião, então por que sua mãe não o levaria para ver o avião? Todos os dias oito e cinquenta Benjamin precisava ver o avião passar.

Ele negou com a cabeça e apontou com seu dedo para a tela do celular novamente, resolveu explicar para sua mãe que estava quase na hora do avião. Ele podia explicar, porque sua mãe dizia que quando alguém não nos entende nós podemos explicar para a pessoa entender.

— Mamãe, olha. – Pediu. – Hora do avião, vamos. – Estendeu sua mão e segurou a de Cheryl.

A ruiva sentiu seu peito apertar naquele momento. Ela não podia ir, Cheryl precisava participar daquela reunião. Trabalhava feito louca para dar do bom e do melhor para o seu filho, não era fácil criar uma criança sozinha, principalmente quando mais que a metade do salário ia para hospital, exames, psicólogos, nutricionista. Ela fazia o que podia e não podia para que Benjamin tivesse o melhor desenvolvimento possível. E cada centavo gasto valia a pena quando seu filho demonstrava a cada dia que entendia mais do mundo que vivia.

Não era fácil. Não era fácil para Benjamin entender que o seu mundo era diferente do mundo em que vivia, e não era fácil para Cheryl tentar explicar para o mundo que o seu filho tinha um mundo diferente. Um modo diferente de viver e de aprender, de fazer as coisas que gosta. Mesmo seu autismo não sendo em um nível tão alto como o de outras crianças, era presente em cada coisa que fazia.

— Benji. – Negou com a cabeça devagar. – Hoje não tem avião. Tá bom? Hoje a mamãe não pode.

O menino desviou o olhar, fitou o chão. Ele tentava mas não conseguia entender o porquê de não ver o avião, aquilo já estava o desesperando aos poucos. Logo daria o horário e o avião passaria e ele não veria. O avião iria embora. Se o avião fosse embora ele não poderia acenar e nem se despedir, então não teria visto o céu e não teria dado bom dia as pessoas que voam.

Benjamin | CHONIOnde histórias criam vida. Descubra agora