Capítulo 10: Surpresa?

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A quantidade de malas que estavam sendo feitas nas duas casas deixava claro apenas uma coisa: vidas mudariam dali em diante. Só não se sabia se seria para melhor, ou para pior. Tudo dependeria do que iria acontecer ao decorrer daquela semana.

Cada cor tem o seu significado, e cada um desses significados é dado após pesquisas e debates, o estudo das cores é pura psicologia. Bom, isso para o resto do mundo. Já para Benjamin, uma criança especial em tantos sentidos de apenas seis anos de idade, os significados das cores eram muito mais simples. Cada cor, para Benjamin, gritava um sentimento que transbordava de seu peito e inundava sua mente ­– que nunca parava de funcionar. Poderia gritar para os ventos e todos os quatro cantos do mundo o sentimento de cada cor que conhece, mas hoje, a única cor que se passa pela cabeça do ruivo era o azul.

Azul. Como as paredes de seu quarto ou a cor de um de seus aviões. Azul, como seu pijama favorito que também tinha aviões. Azul como o infinito. A imensidão infinita dos céus que fazia questão de apreciar com tanta curiosidade todos os dias pelas janelas, ou em seus encontros com o avião no parque. Já se pegou perguntando tantas vezes como era possível um céu sem fim, infinito, incapaz de ser visto inteiro assim como podia ver em um desenho nas folhas de papel. Benjamin se via cada vez mais fascinado por aquele azul, o azul da eternidade, do impossível de ter um fim, do impossível de ser tocado com as pontas de seus dedos.

Entendeu que poderia fazer de tudo na vida, porque apenas o azul do céu era o seu limite; ou nem mesmo ele.

— Vamos lá, piloto... Se você não entrar no carro, vai perder o ônibus e não vai ver sua avó.

— Vamos, tia Betty. Vamos. – Ele continuou insistindo, puxando a barra da blusa que a loira vestia.

Ela suspirou cansada. Já havia perdido a conta de quanto tempo estavam ali, na mesma situação.

— Benjamin, ela já falou que não vai com a gente. Precisamos ir. Agora.

— Não! – Debateu. – Vamos, tia Betty, vamos!

— Meu filho...

— Não! Não, mamãe, não!

— Benjamin Blossom, vou pedir pela última vez, entra no carro e vamos. – A ruiva falou calmamente, com tanta suavidade na voz que Elizabeth sabia o que precisaria ser feito caso ele não obedecesse.

— Não! Não, não, não! – Ele gritou, histérico. Suas bochechas e ponta do nariz estavam vermelhas e as lágrimas aos poucos se formavam em seus olhos.

Quem passava por perto, caminhando do outro lado da rua ou em cima de suas bicicletas pela estrada, viravam o pescoço disfarçadamente – mas nem tanto – ao ouvir os gritos do menino. Naquele momento tudo que a ruiva queria era ter onde enfiar sua cabeça por vergonha. Tentava a todo custo não ser notada nos momentos de crise de Benjamin, não queria que as pessoas vissem e tivessem uma interpretação errada da situação. Não suportava os murmúrios e "opiniões" que eram feitas a respeito de seu menino.

Já que muitas vezes suas atitudes eram citadas como "birra'', "malcriação", "carência", "showzinho". Se Cheryl pudesse ganhar uma moeda por todas as coisas que já ouviu durante esses seis anos de vida de seu filho, não estaria tão apertada em dívidas.

— Benjamin, olha pra mim. – A loira pediu, ainda com o menino grudado em seus braços. – Você precisa ir com a mamãe. Eu não vou com vocês e já tinha conversado sobre isso contigo, lembra?

O menino ameaçou choramingar novamente, fazendo sua mãe suspirar em cansaço e Elizabeth sentir seu coração apertar por precisar fazer seu irmãozinho chorar ainda mais naquele momento. Mas, infelizmente se não o fizesse, Cheryl nunca conseguiria sair dali.

Benjamin | CHONIOnde histórias criam vida. Descubra agora