Capítulo 5: Talvez seja o destino

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Naquela manhã de domingo as coisas pareciam estar correndo para os melhores caminhos possíveis, isso seria o que qualquer pessoa diria para Antoinette.

Mas nem mesmo recebendo sua moeda de seis meses de sobriedade, ela se sentia completa ou orgulhosa.

Afinal, por que se orgulharia de algo que anos atrás poderia ser considerado uma coisa comum? Como se sentiria completa se aquela moeda apenas esfregava em sua cara que estava renegando a única coisa que fazia sua cabeça e coração se afastarem da dor de perder Arabella? Toni não se sentia uma pessoa com sorte, tampouco feliz ou muito menos satisfeita e orgulhosa.

Naquela manhã de domingo Antoinette se sentia com raiva. E tudo o que ela queria era gritar, quebrar algo ou beber. Mas sua mãe estava por perto, e ela não podia arriscar dar a brecha perfeita para o assunto Arabella.

— Minha filha! Não te vi sair e nem chegar. – Hermione chega na cozinha, onde Toni bebia água. – Por onde andou?

A negra puxou o ar que pôde e o soltou com lentidão, repetindo em sua cabeça um mantra como "sorria e seja gentil, é a sua mãe".

— Bom dia, mãe. – Ela sorriu de canto, pequeno. – Eu saio para caminhar aos domingos.

— Caminhadas fazem bem para a saúde. – A latina mais velha comentou. – Isso é ótimo, meu amor. Vai te fazer bem, esfriar a cabeça, se distrair...

— Mãe. – Cortou, se controlando ao máximo para não soar ríspida. – Por favor.

— Antoinette, eu só me preocupo com você.

— Eu não quero discutir. – Repousou o copo na bancada e fechou a porta da geladeira. – Eu realmente senti sua falta e acho incrível você passar um tempo aqui em casa comigo e com a Veronica. – Hermione ia falar algo, mas Toni continuou, a interrompendo. – Mas eu juro por Deus, se tentar falar sobre... Sobre aquilo. Eu saio por aquela porta e não volto.

Aquilo é a minha neta, Antoinette. – A negra travou o maxilar. – É a sua filha.

— O que está acontecendo aqui? – A voz de Veronica se fez presente no cômodo. Sua expressão era preocupada, mas sua entonação demonstrava certa seriedade.

— Eu vou sair.

— Espera! – Hermione contestou. Toni parou de andar. – Você vai precisar conversar comigo em algum momento. Meu Deus, Arabella não pode virar um assunto proibido! Ela existiu, minha filha!

— Ela morreu! – Exclamou alto. Quase um grito. A angústia e a raiva presentes em sua voz acertaram em cheio o peito de sua irmã e de sua mãe. – Arabella morreu. – Reforçou. – Arabella está morta. Consegue entender isso, mãe? É tão difícil assim você entender que a sua neta, a minha filha, morreu? – Seu tom diminuiu. – Ela morreu e conversar com você ou com qualquer outra pessoa dessa família não vai trazer ela de volta.

— Toni... – Veronica tentou tocar o braço da negra, que o puxou com certa brutalidade.

— Me solta! – Pediu antes de respirar fundo. – Não me toca, Veronica. Só... Me deixem em paz. Me deixem em paz vocês duas.

Mães fazem o possível e até mesmo o considerado impossível para proteger seus filhos. O amor de uma mãe é o único amor que pode ser citado como incondicional. Mães amam seus filhos quando eles mesmos não se amam. Mães sacrificam o que for para que possam ver seus filhos felizes, estando perto ou longe delas. Mães tentam acertar, mesmo quando erram.

Mães tem o dom absurdo de sentir a dor do seu filho com tanta intensidade que muitas vezes acaba doendo ainda mais nelas, do que nos próprios filhos. Isso porque eles sentem a dor que o filho sente e mais a dor de ver o seu filho sofrer.

Benjamin | CHONIOnde histórias criam vida. Descubra agora