Prólogo

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Maya

    Que lugar é esse?

    Era noite e a escuridão tomava conta da floresta. O vento gelado cortava minha pele, um arrepio se estendeu por todo meu corpo. Olhei ao redor e estava sozinha, por entre as folhas das árvores pude ver o céu estrelado e a lua brilhando. Meu corpo permanecia paralisado, o vento bagunçando meus cabelos, assobiava uma canção assustadora.

    Ao meu redor ouço algo se movendo, os arbustos farfalhavam e a cada segundo se aproximava de mim. Tentei me mover, mas minhas pernas não me obedeciam. Meu corpo se negava a reagir de qualquer forma, minha voz era levada pelo vento em uma súplica tentativa de pedir ajuda. 

    Em meio a escuridão da floresta sai uma criatura diferente de tudo que eu já tinha visto. Seus olhos queimavam em chamas azuis e por todo seu corpo, uma aura do mesmo tom brilhava lhe dando forma. Diante de mim havia um enorme lobo, era lindo e assustador ao mesmo tempo e emanava poder. Ele não possuía pele ou ossos, apenas o vazio. Seu olhar se encontrou com o meu e parecia ler minha alma, tentei me mover mais uma vez e sem sucesso.

    Com um movimento rápido, o lobo se aproveitou da minha situação e se lançou sobre mim, me derrubando no chão. Fechei meus olhos com medo do pior, mas nada aconteceu. Ainda relutante olhei ao redor com cautela e estava sozinha novamente. A solidão inundou minha alma e a tristeza partiu meu coração em mil pedaços. Como se soubesse do meu sofrimento os céus desataram a chorar, as gotas gélidas me fizeram tremer e voltar a realidade. Meu corpo respondeu aos meus comandos e me levantei para buscar abrigo. 

    A floresta havia sumido e até onde meus olhos alcançava só avistei a imensidão do mar. O chão de terra foi substituído pela madeira do convés de um navio, ele balançava freneticamente sendo jogado de um lado ao outro como um barquinho de papel. Os raios iluminavam o céu e o som dos trovões me davam calafrios.

    Tentei me mover pelo deck do navio, um único passo e fomos atingidos por uma onda enorme. Com um ruído estridente de madeira se partindo, o navio foi lançado ao mar se perdendo em sua imensidão.

    A correnteza me puxava para o fundo e por mais que eu me esforçasse era inútil. Minhas pernas e braços desistiram de encontrar a superfície. Deixei que o mar me levasse, a água salgada enchendo meus pulmões que por sua vez gritava com a ardência e a falta de oxigênio. Lentamente afundando, sozinha. Meus olhos se fecharam e deixei sair as últimas bolhas de ar. 

    Ainda sentia o frio e ao longe ouvia o som da tempestade, me lembro de estar afundando lentamente e dos meus pulmões queimando sem ar. Abri meus olhos e o cenário havia mudado novamente, estava em uma sala escura e mais uma vez me senti sozinha. Ao meu redor tudo era incerto e assustador, vultos negros passavam por mim e cenas do passado corriam ao meu redor. Quando dei meu primeiro passo, tudo desapareceu. 

    O silêncio era ensurdecedor, as batidas descompassadas do meu coração era uma música assustadora, meus pensamentos ganharam vida e me torturavam. Você nunca terá sua vida de volta. Quando me dei conta estava cercada por vultos. Acha mesmo que vai conseguir salvá-los? Não foi capaz de salvar nem a si própria.

    Tentei ignorar as vozes e segui andando pela sala, elas aumentaram sua veracidade a cada passo que eu dava. Eles nunca irão te perdoar. Comecei a correr, tentando fugir de tudo aquilo. Nem ao menos consegue se lembrar de quem você é. Aceite seu destino...

    — Não! — minha voz sai abafada — Me deixem em paz!

    Cobri minhas orelhas e cai de joelhos, as vozes me cercavam e gritavam sem cessar. Enchi meus pulmões e gritei até me faltar o ar. As vozes lutaram por mais alguns instantes, mas se deram por vencidas finalmente e o silêncio reinou novamente.

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