4 - Meu Resgate Não é Tão Eficiente.

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Maya


    Meus olhos estavam pesados e se recusavam a abrir, meu corpo dormente demorou a responder. Ergui minha mão até minha cabeça com muito esforço e aparentemente a dor havia diminuído, abri meus olhos e a claridade tomou conta da minha visão, levei um tempo para me acostumar e consegui ver a situação que estava (e não era das melhores).

    Estava deitada em uma cama simples e um lençol branco cobria meu corpo até a altura do peito, ao meu lado havia uma mesinha com duas toalhas, uma jarra de água e dois copos. Senti minha garganta seca e tentei alcançar um dos copos, ergui minha cabeça e tudo escureceu. Me deixei afundar no travesseiro e encarei o teto até tudo voltar ao normal. A dor tomou conta da minha mente e o teto de madeira parecia girar, me arrependi imediatamente de tentar levantar.

    Dei mais uma olhada ao redor e vi uma cadeira na parede de frente para a cama, em cima dela minhas roupas estavam dobradas. Ergui o lençol e estava vestida com uma camisa branca e uma calça bege, o tecido era leve e macio como um pijama. Os cortes que eu tinha no braço deram lugar a pequenas cicatrizes quase imperceptíveis, meu tornozelo estava enfaixado e imobilizado com uma pequena tala de madeira.

    Girei meu corpo para o lado com calma e não senti tanta dor, estiquei meu braço até o copo e trouxe até mim. Ergui a cabeça o suficiente para não derramar na cama e tomei um pouco. Senti a água descer pela minha garganta e um arrepio percorreu meu corpo, nunca agradeci tanto por um copo de água. Coloquei o copo na mesa e tentei me sentar, dessa vez não fiz muito esforço e usei toda minha paciência.

    Quando consegui tive uma visão mais ampla do quarto, no chão havia um tapete cobrindo a maior parte do chão e meus sapatos estavam debaixo da cadeira. O quarto não tinha janela, os feixes de luz entravam pelas frestas da porta que estava entreaberta, indicando que estava de dia. Passei a mão pelo cabelo e para minha surpresa ele estava limpo, no topo da cabeça senti uma ferida, provavelmente o motivo das dores e deve ter contribuído com o desmaio.

    Do lado de fora ouvi passos e a porta se abriu, uma garota ruiva entrou no quarto e assim que me viu acordada ela parou. Seus olhos tinham um tom de âmbar e me encaravam arregalados, ela segurava uma bandeja com algumas frutas e uma jarra marrom. O cabelo estava preso em um coque e ela usava uma camisa bege e uma calça marrom, o que me chamou atenção foi a pequena faca na cintura.

    — Hm, oi? — minha voz saiu baixa, mas ela definitivamente ouviu.

    — Maddox? — Chamou ela — Ela acordou. — Ela permaneceu em pé ao lado da porta até que um homem apareceu.

    — Ei, olha só! — Ele era alto e bem forte, vestia uma camisa branca com os braços bem aparente, a pele morena mostrava que ele ficava muito tempo debaixo do sol, o cabelo escuro formava alguns cachos soltos, ele parecia assustador se não fosse pelo sorriso suave e acolhedor. — Fico feliz que tenha acordado, como está se sentindo? As dores melhoraram?

    Concordei com a cabeça, ele não parecia ser uma má pessoa, mas pude notar o seu nervosismo quando se sentou na cadeira de frente para mim. Estava inquieto e o sorriso não aguentou por muito tempo. Quando ele apoiou as mãos no joelho pude ver um colar em seu pescoço, era uma pedra azul em formato de gota com ondas do mar entalhada nela, talvez eu estivesse ficando doida, mas podia jurar que as ondas estavam se movendo. A garota colocou a bandeja na mesinha ao meu lado e despejou um líquido marrom em um dos copos, pelo vapor que subiu deveria ser chá.

    — Aqui, vai te ajudar com a dor de cabeça — a garota me entregou o copo, sua voz era doce e calma.

    O copo morno aqueceu minha mão, o cheiro era forte, porém agradável. Não consegui identificar o que era, mas me lembrava dos chás que minha mãe fazia quando eu ficava doente.

O Segredo Da IlhaOnde histórias criam vida. Descubra agora