5 - Um Caminho Sem Volta.

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Leo

    Acordei com o som de batidas na porta, ouvi a voz de Aiko conversando com alguém; uma conversa rápida e aos sussurros. Ela fechou a porta e caminhou até a cama em silêncio, eu me sentei e a encarei esperando que dissesse algo.

    — Nós já chegamos, ele disse que mais uns quinze minutos até atracar no porto. — Disse ela — A gente podia sair e ver o sol nascendo, ainda é bem cedo.

    Apenas concordei com a cabeça, era uma ótima ideia. O clima ainda estava meio tenso por não termos notícias de Maya, mas ainda tínhamos um ao outro e isso era reconfortante por hora. Enquanto subia as escadas até o deck principal eu me perguntava o que aconteceu com o restante da tripulação do Eleanora, apesar de me preocupar com Maya, ainda tinha muita gente naquele navio. E ninguém nos deu uma resposta certa, eram apenas um ''nós estamos resolvendo'' ou então ''tenho certeza de que estão todos bem, nãos e preocupe com isso''. A questão é que não tinha como não se preocupar com isso.

    Meu humor não era dos melhores, depois de tudo o que vi e passei nos últimos dias... talvez não seja tão fácil a vida adulta afinal, preciso ser forte quando tudo o que eu queria era correr pro meu quarto e torcer pra minha mãe me trazer biscoitos deliciosos. Quando chegamos no convés a vista era linda, Aiko e eu nos apoiamos na amurada do navio e nos deixamos levar pela brisa leve e a vista do sol nascendo. Amprior, a ilha estava linda em tons alaranjados com o nascer do sol e o castelo no centro brilhava todo poderoso. Uma vista que eu não estava a fim de ver novamente (principalmente porque significaria subir em um navio rumo ao desconhecido outra vez).

    — Acha que vão fazer alguma coisa com a gente? — Perguntou Aiko quebrando o silêncio entre nós.

    — Como assim? — Talvez eles fizessem algumas perguntas, mas não passaria disso.

    — Eu não sei, mas eles não deram nenhuma explicação sobre o lugar que a gente estava e nem sobre o restante da tripulação. E se a gente... — ela não precisou terminar a frase. E se fossemos os únicos sobreviventes?

    Fiquei em silêncio pelo restante do caminho, noite passada eu andei pensando sobre isso. Aquele lugar era estranho e nunca nos ensinaram sobre um lugar habitado fora de Amprior e nem o motivo de esconderem isso, se pararmos pra pensar a gente nem questiona sobre o mundo exterior. E agora essa curiosidade me matava por dentro, como vou viver sabendo que lá fora existem pessoas e lugares diferentes e ninguém nunca nem mencionou isso na escola. Muitas perguntas e nenhuma resposta, talvez a nossa vida seja como uma ampulheta e no momento que navio afundou a areia se esgotou, porém numa grande reviravolta, nossa ampulheta foi virada e a areia voltou a cair, mas dessa vez cheia de dúvidas e incertezas sobre o nosso futuro.

    Não sei o que vai acontecer daqui algumas horas, nem amanhã ou daqui semanas... meu futuro simplesmente ficou incerto, ele deixou de ser o que era antes.

    — Vamos pensar positivo, afinal, acabamos de sobreviver a um naufrágio e estamos finalmente em casa seguros. Não vão fazer nada além de perguntas. — Disse por fim quando o navio ancorou no porto.

    — Espero que sim, mas precisam achar Maya e aquela floresta me dava calafrios, imagina se ela estiver sozinha... Só tome cuidado com o que vai falar...

    — Simples assim...

    — Simples assim. — Concordou ela.

O Segredo Da IlhaOnde histórias criam vida. Descubra agora