capítulo 4 : inimigos

30 1 0
                                    


Daniel havia sido contratado para um serviço finalmente, acordou ainda meio desnorteado, seus últimos dias não tinham sido fáceis, apenas dois serviços e ele conseguiu apenas pagar o aluguel, todas as suas últimas refeições foram feitas no apartamento ao lado, uma senhora viúva que morava apenas com seus gatos e adorava compartilhar histórias do seu passado com Daniel, seu nome era Jane, ela era muito simpática e sempre oferecia alimento a ele, ignorando o fato do mesmo ter tatuagens até seu pescoço e andar sempre com uma katana, pra ela o que importava era ter uma companhia, e isso Daniel conseguia fazer, mas hoje era um dia diferente, pegou seu último pente de munições e limpou sua arma, limpou e organizou finalmente seu apartamento/escritório além de colocar na lavanderia do prédio suas roupas sujas, tomou um banho quente e colocou uma camisa nova, estava pronto pra causar uma boa impressão pois apesar de ser um serviço simples era um oportunidade e tanto, a região que iria fazer a limpeza era um território de demônios, então era uma boa oportunidade de conseguir mais e mais clientes, chegou lá de metrô e foi encontrar seu cliente que tinha uma casa pequena mas arrumada, ele disse estar passando por alguns problemas sobrenaturais e tinha medo de se ferir. apesar de que nessa semana a única coisa que aconteceu foram alguns pratos caindo, portas se trancando sozinhas e os eletrônicos com defeito dentro da casa mas fora funcionando perfeitamente, isso era um óbvio caso de um demônio do tipo polteirgeist, Daniel disse que antes de convoca-lo e finalmente lidar com isso, ele precisaria analisar a casa, seu cliente que não tinha o mínimo de conhecimento concordou e deixou ele verificar quarto por quarto, a filha mais nova que seria quem contou para seu pai sobre os serviços de Daniel era também a única que não havia sofrido com esses eventos, e Daniel conseguiria ver facilmente o porque, livros de bruxaria na estante, um amuleto solar na janela, incenso e filtro dos sonhos, a garota apesar de não ser muito experiente tinha noção do que acontecia ali, Daniel então pediu para que todos saíssem da casa e deixasse ele sozinho, após isso foi até a sala e moveu os móveis para os cantos deixando um espaço aberto no centro, removeu o tapete e naquele espaço, com um giz especial que ele havia trazido consigo, desenhou um hexagrama dentro de um círculo, e então balançando os braços e fazendo sua conjuração fez com que todas as luzes do quarteirão piscassem por um instante além de um vento gelado se espalhar pela casa, até que surgiu no meio do símbolo um homem bem vestido com os olhos brilhantes vermelhos, a pele pálida e um cigarro entre os dedos, aquele homem deu risada e se sentou calmamente no chão

- Quem é você? Com certeza não é quem eu vim buscar, você é peixe grande

- você é um detetive? (Dizia o homem misterioso enquanto tragava um pouco do cigarro e soprava a fumaça pela sala)

- e você é um piadista? Tá mais pra um demônio de alta patente, mas não faz sentido, o que alguém como você iria querer com uma família inocente do subúrbio

- eu quem faço as perguntas aqui bonitão, você conheceu o Ramael? Me diga onde ele tá e eu te arrumo o dinheiro que você precisa ( passava a mão no cavanhaque enquanto olhava com malícia para Daniel com seus olhos brilhantes)

- me diz seu nome, seu merda

- esse não é meu nome, mas você chegou perto, não vou dizer porque apesar de você ter uma conjuração tão podre quanto seu apartamento não quero dar uma brecha pra você me vencer, e na hora certa você irá saber

- isso nem faz sentido

- claro que faz, sua reação mostra que você realmente fez um acordo com o Ramael

- pelo menos ele me disse seu nome

- "pelo menos ele me disse seu nome" (dizia o demônio misterioso afinando a própria voz) já descobri o que eu precisava

Então ele estala os dedos fazendo o símbolo se desfazer e desaparece num piscar de olhos

- que merda aconteceu aqui? (Dizia Daniel ainda incrédulo)

Novo Rei Onde histórias criam vida. Descubra agora