capítulo 9 : sombra

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Era um dia de muito calor, Daniel estava em seu escritório aguardando a chegada de Ramael mas ele já estava atrasado, a impaciência já tomava conta de sua consciência pois ele precisava iniciar os trabalhos dessa semana o mais breve possível, sua dívida não havia sido paga ainda, e após tempos de espera fumando e ouvindo música no rádio, surgiu Ramael em sua janela
- desculpa a demora, garoto, tive alguns problemas no caminho

- que tipo de problemas?

- a algumas estações daqui o metrô foi atacado por uma espécie de sombra psíquica

- você tem certeza disso? Uma sombra psíquica?

- sim foi exatamente isso que me atacou, porque? É preocupante? Nunca vi nada assim no submundo

- esse tipo de demônio prefere a superfície, não me diz que você atacou ele

- eu enfiei uma placa no peito dele pode ficar tranquilo, vamos falar de negócios que eu tenho uma lista grande pra essa semana

- MERDA( exclamou Daniel que no mesmo instante se levantou e foi pra salinha pequena no fundo do seu escritório, lá tinha uma caixa de madeira que ele trouxe e colocou na mesa)

- ei garoto, o que é isso?
- cala a boca eu tô com um problemão pra resolver por sua culpa

- minha culpa? Eu nem sei do que você tá falando

Daniel abriu a caixa de madeira e tinha uma garrafa de coquetel molotov na última lacuna sendo que as outras estavam vazias

- que? O que que tá acontecendo?

- é da sua raça, imaginei que você soubesse do que se trata

Ramael bateu na própria testa e disse
- eu já te disse que eu sou um anjo, nem deveria estar aqui

- tá, tá, então cria asas e volta pra casa, eu tenho um trabalho a fazer com aquela sombra

- ele não tá incapacitado?

- não, ele só pode ser destruído por luz sagrada, por isso o molotov feito de azeite bento

- azeite?

- sim, é uma mistura bem complexa que eu trouxe de uma viagem, depois eu te explico

Pegou sua katana e apoiou no ombro, colocou o molotov em um coldre na cintura, e saiu correndo enquanto terminava de abotoar sua camisa social

Chegando no metrô Daniel reparou instantaneamente uma multidão fugindo de um vagão que havia parado, enquanto todos corriam em direção a saída ele caminhava lentamente pela multidão em direção ao vagão, muitos que notavam sua presença olhavam com uma cara de surpresos pois não imaginavam que ninguém teria coragem de adentrar naquele espaço.
Sacou sua lâmina e adentrou o vagão devagar, ao ver uma sombra em forma de humanoide com uma placa que se adaptava a sua cor fincada em seu peito, soube que estava no lugar certo, essa sombra estendeu a mão até ele mas com um movimento rápido Daniel rolou pra lateral se esquivando do movimento da sombra. A mesma formou um feixe de sombra que consumia a luz em seu caminho, então foi se aproximando dela, a sombra novamente esticou o braço gerando outro feixe mas Daniel saltou e quando o feixe que passou por ele, ficou de pé em cima do feixe como se fosse denso o suficiente para suportar seu peso, e num salto giratório se lançando para frente, cortou esse feixe, fazendo uma grande escuridão se espalhar pelo vagão junto com um som de dor, após atravessar todo o espaço a escuridão se esvaiu fazendo a iluminação voltar ao normal

A "sombra" estava atordoada por conta da situação, então Daniel aproveitou da brecha e se aproximou mais, porém sua alegria durou pouco já que aquele demônio se recuperou e tentou lhe acertar com o braço mas por puro reflexo, Daniel se defendeu com sua katana, e então num contra golpe cortou fora o braço da sombra e avançou mais um pouco, porém seu braço cresceu novamente e começou a se expandir ao redor de Daniel que já estava coberto por uma escuridão tão densa que parecia sólida, lá dentro Daniel arremessou o molotov no peito da criatura, sacou sua arma e apertou o gatilho causando uma combustão curta que provocou a luz sagrada em cima de seu inimigo.
Um grito de dor ecoou pelo ambiente novamente a sombra se espalhou fazendo toda a matéria no ambiente vibrar e os vidros do vagão quebrarem, mas após isso se dissipou deixando apenas Daniel e um homem de terno que provavelmente havia sido consumido pela sombra e se tornado seu receptáculo nesse mundo, o homem desmaiou mas Daniel rapidamente se agachou e o segurou para que não se machucasse

Aquele homem bem vestido de barba feita e pele preta, utilizava de dreadlocks, brincos e um relógio de ouro e estava em um terno extremamente elegante, e apesar de tudo sua postura havia incomodado Daniel que odiava empresários, não tanto quanto demônios, mas ainda assim tinha um certo preconceito por conta de problemas de seu passado, o homem ainda meio atordoado perguntou

- espera o que aconteceu?

- acordou? Bela adormecida
O homem se afastou de Daniel desesperado e disse

- o que? Eu não morri?

- óbvio que não, aquele demônio não mata mas absorve tudo aquilo que engole, e usou você de corpo pra poder transitar por esse reino sem sofrer dano da luz

- de.. demônio? Então foi tudo real? Espera quem é você?

Daniel acendeu um cigarro e estendeu o braço
- prazer Daniel, devilkiller oficial, eu quem salvei sua pobre vida de empresário e quero meu pagamento

- o que? Claro com certeza, mas antes disso eu tenho uma proposta

- do que você tá falando? Eu não negocio com homens de terno

- espera você vai gostar, eu não sou o proprietário desse dinheiro então você pode confiar em mim né?

- claro, e de quem é?

- meu pai, ele é o responsável pelo dinheiro, eu faço parte de um projeto

- eu odeio isso, mas me conte

- ele quer um projeto social para os nossos funcionários, se você nos proteger e livrar nossas casas desses, "demônios", irá fazer um bom dinheiro com certeza

- agora sim, você falou em pagamento falou comigo, mas você ainda me deve pela sombra

- claro, como eu sou idiota, talvez isso pague
O homem entregou todo o dinheiro que tinha no bolso enrolado, totalizando 1200 dólares, um pouco mais do que o serviço exigia, deixando Daniel mais animado com a idéia

Os dois saíram dali conversando sobre a idéia daquele moço, que dizia com sua voz calma

- então Daniel, eu nem me apresentei né, meu nome é Michel, meu pai é o dono das indústrias lance, o novo negócios de carro você sabe né?

- claro, não é a parte que me interessa

- sim sim, como eu sou idiota, meu pai me colocou no projeto social, que começa nos funcionários e se estende até alguns clientes porque nós queremos trazer um benefício exclusivo que vá atrair funcionários e clientes, imagina um seguro anti-demonio pra carros e clientes

- entendo, e você acha que eu trabalho protegendo pessoas

- é, pelo jeito que você anda e a espada na sua mão eu imagino que não! Você mata coisas não protege pessoas, mas pensa na possibilidade e unir os dois e tirar lucro disso

- sim eu entendo, vamos tentar, me liga amanhã
Daniel entregou seu cartão para Michel e encostou na parede, então acendeu um cigarro e começou a pensar

- no que você tá pensando?

- meu serviço não tá completo, aquela sombra era muito simples, com certeza ela se dividiu em algumas partes, eu chuto três, talvez ainda tenham pessoas em risco lá dentro

- pra alguém interesseiro e egoísta você me parece bem preocupado

- cala a boca homem de terno ( disse Daniel, que já caminhava novamente em direção ao metrô enquanto Michel subia as escadas direção a saída)

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