Rio de Janeiro_complexo do alemão_9:40 am_segunda-feira
P.O.V Alexandre
No domingo depois de transar com a Agatha no motel, deixei ela em casa e vim pro morro resolver os B.O que chegou, ainda não conversei com a Luna e nem decidi o que fazer com o cara da salinha, enfim tá tudo uma bagunça e eu odeio isso
E pra piorar ainda tem mais coisa pra resolver, tava fazendo uns trafico de cocaína pelo aeroporto, a carga ia de São Paulo pra Colômbia mais deu merda os cara descobriram o esquema porque um filho da puta dedurou, os mano de lá já me passaram a fita dele, tenho foto e tudo, de hoje ele não passa e que sirva de aviso prós outros
Mais de 17 mil perdido só nessa viagem, fora as outras que eu ainda não descobri se foram pegas na Colômbia
Já tava tudo uma merda, pra ajudar a porra da Sabrina brota do chão, já entrou sem bater, fez errado parece que não entendem a palavra "privacidade" nessa merda a vai toma no cu
Veio com uns papo de fazer baile por aniversário dela, tô vendo mesmo
—vai ser daqui a 4 meses e você podia fazer esse favor pra mim né?—ela falou com cara de cachorrinho abandonado, eu não vou fazer não
—vai dar não, se era só isso pode ir já, tchau—falei já querendo que aquela conversa tivesse um fim
—vai Alex, eu te imploro faço o que você quiser, poxa eu só queria esse baile, sem falar que ajudaria você a receber uma grana—
—alex?quem é você pra me chamar de Alex?—levantei da minha cadeira e fiquei frente a frente com ela
—d-desculpa f-foi por impulso—ela disse indo pra trás
—qual é meu nome pra você?—perguntei olhando nos olhos dela e indo pra frente
—Xandre—ela disse baixinho
—nao escutei, repete—
—é xandre—dessa vez ela falou mais alto
—entenda de uma vez, você pra mim é inútil, imparcial, não vejo nada além de sexo com você, então entenda, você não tem direito nenhum de me chamar de Alex, que fique claro—nessa hora os olhos dela já tava tudo vermelho ela só abaixou a cabeça e saiu da minha sala
Se ela vai chorar agora eu não ligo não, veio se engraçar pra cima de bandido, agora sustenta, todo mundo sabe que com bandido não é mar de rosas não, se alguém pensa assim, tá vivendo em um sonho e é melhor cair na realidade logo
Fiquei de bobeira na sala por uns 15 minutos e sai, peguei minha moto e mandei um vapor chamar o Nando pra ficar na supervisão de tudo enquanto eu não tava, saporra também não cuida de nada
—eae Alex, já tá saindo de novo?—escutei a voz do Xavier enquanto falava com o vapor onde ele poderia e encontrar o Nando, sinceridade ninguém sabe de nada aqui não é?
—que ótimo que você tá aqui, chama a porra do Nando, e cuidem do meu morro seus filho da puta—falei e dei partida na moto saindo de lá sem esperar resposta
Sai morro abaixo a milhão, tava nem ligando, atravessava farol vermelho desviava de carro, só via o reflex dos carros enquanto passava e escutava tudo os carro buzinando
Só parei quando cheguei no lugar de descanso dela, a mulher que esteve comigo durante os anos mais felizes da minha vida, meus melhores momentos ela que criou, por ela sim eu daria minha vida, mas Deus a levou, a tirou de mim, a tirou de meus braços, a levou com ele
Minha mãe.
Passei com a moto pelo portão azul que tinha e vi o vovó Jorge que ficava lá na recepção cuidando do cemitério, mas geralmente ele tá dormindo mesmo
Minha coroa tava sempre trabalhando pra cacete pra conseguir manter nossa casa e ter comida na mesa eu sempre venho aqui pra falar como que tá as coisas, as vezes só quero um sinal pra saber que o que eu faço é o certo ou então uma pista pra saber qual caminho escolher
Estacionei a moto em um canto e peguei um dos enormes girassóis que ficavam plantados em uma certa parte do cemitério
Arranquei um girassol que eu achei o mais bonito e fui caminhando até a lápide da minha rainha
Cheguei, me sentei no chão mesmo tirei um cigarro do bolso e acendi, coloquei o girassol em cima do túmulo e fiquei brincando com o esqueiro
—é coroa, tô aqui de novo, perdoa mãe, perdoa pelos erros, pelos deslizes, você sempre se dedicou a me ensinar o melhor e eu só dei desgosto, só fui pro caminho errado—
É engraçado eu falar assim, em frente ao túmulo dela, já faz tanto tempo, 10 anos, 10 anos onde minha vida desmoronou onde tudo começou a piorar
—nunca esqueci de você não viu coroa penso em você todo dia, na hora de acordar e na hora de dormir, não venho aqui com frequência por que você sabe né, essa vida que eu tenho, muita gente quer minha cabeça não posso dar mole não, meu caminho é errado eu sei disso, mas tô correndo pelo certo, minha favela tá lá firme e em pé, toda sexta eu vou ver a mulekada no campinho que eu mandei improvisar lá, tudo com um sorriso no rosto quando vence a partida de futebol, saem de lá suando mas rindo, semana passada teve invasão, os tira subiram, as crianças tavam lá, Tiago morreu, 9 anos, ele tava correndo dos tiros porque tava com medo eu tive que ir da a notícia pra dona Teresa, tia dele, quando eu disse ela travou no lugar, não reagia depois de uns 3 minutos travada no lugar ela chorou, gritou ela teve que ir no hospital tomar um remédio pra se acalmar, o choro dela era um choro sentido, daqueles que você escuta e sabe que dói, dói na alma, um choro de quem sabe que não vai mais ver seu parente nessa vida, Sabrina tá atrás de mim querendo que eu faça uma festa de aniversário pra ela, to afim de fazer não—quando me dei conta minha carteira de cigarro já tinha ido toda e eu nem percebi
—ironico não acha?eu dono de uma favela, mato e morro pra proteger ela, chorando aqui pra senhora né? As vezes penso o que seria da minha vida se você ainda estivesse aqui qual seria o rumo dela sabe? talvez eu estaria agora com uma namorada andando de mãos dadas com ela no parque, não, não quer saber, isso não combina comigo não, é já deu minha hora tô indo nessa, cuida de mim aí de cima valeu fica em paz aí—levantei e fui caminhando em direção a onde tinha deixado minha moto
Peguei a moto subi, dei partida e fui saindo de vagar, pode parecer estranho mas não gosto de fazer barulho perto de lugares assim, pra min e sagrado e eu penso que tô perturbando a paz dos que já foram, fui saindo de vagar sem fazer muito barulho com a moto e passei pelo portão que agora o vovó Jorge tava limpando
—falo seu Jorge fica na paz aí em—falei e ele já me deu uma resposta logo atrás
—ela ama muito você meu filho—esse veio é um caduco da cabeça, ele mexe com uns negócio de carta e previsão do futuro sem falar nas macumba que ele prática, uns treco bem louco
—é tô sabendo já—quando ele vem com esses papo eu não fico muito tempo trocando prosa não, vai que sei lá né
—eu vi meu filho, vi nas cartas, uma garota entrando na sua vida, não a deixe ir meu rapaz ela mudará seu destino, mudará sua vida—
—o vovô, com todo respeito com as suas cartas e suas coisa aí, eu não acredito que uma garota vai me mudar, não me vejo sendo boiola com alguém, muito menos construindo uma família e sendo feliz—esse vovô tá estranho ele sempre fala das cartas mas não fala tanto igual agora, se antes ele falava 3 palavras era muito já
Encerramos aquela conversa maluca e eu saí vazado do cemitério meu celular apitava igual louco no bolso, tenho paz mesmo não
🥀
Continua
Cap não revisado desculpa qualquer erro
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céu azul - (Algum dia eu volto a escrever).
FanfictionEra só uma festa, uma festa onde meu destino mudou, minha vida mudou, eu mudei... Faz a boa e vem ler minha fic amigos👉🏽👈🏽😔