Nós não precisamos de ajuda

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● Seo Dak-Ho;

Na manhã seguinte, acordei no meio do instinto. Quando abri os olhos, tomei um susto ao ver a minha proximidade com Yunho. De alguma forma, acabei deitado de frente a ele — completamente diferente da forma que eu tinha dormido, de costas para ele — e nossos lábios estavam quase se encostando.

Olhei para a porta. Ficou aberta a noite inteira. Desde quando estamos dormindo assim? Os pais dele viram nós dois?

Até dormindo ele é bonito e fofo. A bochecha dele fica amassada no travesseiro. Os olhos dele de alguma forma se tornam menores quando ele dorme. Os cabelos bagunçados deixam ele muito fofo, de alguma forma ele parece um filhotinho de cachorro.

O que você está fazendo? Se alguém te ver, você é carne morta. Se ele te pegar agindo assim, ficará constrangedor.

Voltei a me deitar de costas e olhei o celular dele em cima da mesinha ao lado da cama. A tela ligou sozinha por um momento e vi que são duas e meia da manhã ainda, por isso não escuto nem o ranger do assoalho nessa casa.

Esse é o horário que eu acordava normalmente para ir até a escola. Passava uma meia hora me arrumando e arrumando o meu material e nisso andava os cinco quilômetros até o ponto de ônibus próximo da vila, o que leva em torno de no mínimo, uns quarenta minutos, até mais que isso. Tenho que andar até Gangnam para pegar o ônibus, daí de lá fico mais umas duas horas e meia — sem contar o tempo de espera dos ônibus — desço em Gwangju e pego mais um ônibus. Faço praticamente uma viagem todos os dias só para ir para a escola.

Não quero sair da cama dele nunca, é tão macia e o quarto dele é tão quente. Estou acostumado com o meu quarto gelado até no inverno e na neve.

Não consegui dormir depois que acordei, por puro costume mesmo, então, fiquei acordado todo esse tempo. Escutei os pais dele acordarem, assim como escutei ele acordar em um pulo com o alarme do celular tocando.

É uma música que nunca escutei antes, mas também, não tenho acesso a música. Não tenho celular e não temos internet também. Sempre estudei em lugares públicos com internet gratuita e as cabines da escola eram a minha salvação. Saía de lá quando era de madrugada, ás vezes nem isso. 

Só sei que escutei ele cantar a música. Ele tem uma voz bonita, é gostosa de ouvir.

Excuse me cuse me babe cuse me cus me excuse me... — Ele cantou junto com o alarme, com a voz rouca. Escutei ele sentar na cama e olhar para mim. — Deveria acordar ele ou deixar ele dormir mais um pouco...?

— Eu estou acordado. — Falei apenas para brincar e tirar uma com ele. Escutei ele começar a tossir.

— A-Ahh! V-você está? — Troquei de lado na cama, olhando para ele com as bochechas coradas e vermelhas. — É... Então, vamos levantar e nos arrumar. Na realidade... acho que deveríamos passar na casa do Wooyoung antes, ele pode te emprestar um uniforme. Você é mais baixo que ele, mas... se eu te emprestar um uniforme meu você usará um vestido.

— Claro... podemos passar na casa dele.

— Massa. Levante, então.

Levantei e ele abriu o guarda-roupa, me esticando uma muda de roupa. Fechei a porta e fui para um canto do quarto me trocar, acabei parando na frente de um espelho, na realidade.

Antes de trocar de roupa, dei uma leve bisbilhotada e olhei para trás, vendo ele trocar de camiseta. As costas dele são bonitas, os ombros dele são largos.

Engoli em seco e desviei o olhar antes de ser pego. Tirei a minha camiseta também e pude ver ele pelo reflexo do espelho me secando por um tempo, mas então, acredito que ele se tocou e desviou o olhar na mesma hora.

━ highschool days; jeong yunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora