Capítulo quatro: Reparo

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Em seu quarto, já meio iluminado pelas luzes que atravessavam a cortina em tom claro, Luz despertou de seu sono pela primeira vez livre de pesadelos naquela semana, estava deitada de lado ainda cheia de preguiça para levantar, queria aproveitar mais um pouco daquela sensação de tranquilidade antes de ir para o trabalho.

Olhou para o relógio em cima da cômoda e percebeu que despertou uma hora antes do necessário. Ainda eram cinco horas e o dia ainda custava em aparecer.

Observou o relógio por pelo menos cinco minutos enquanto ela refletia a respeito de tudo, não se lembrava de ter vivido com tranquilidade por um longo tempo, chegava a ser reconfortante.

Com essa constatação se levantou da cama calçando suas pantufas brancas de sempre, já que eram recomendadas pelo médico para a melhora da sua lesão.

Bocejou enquanto deixava seu quarto lentamente, indo até a sacada e abrindo as portas para deixar um pouco da escassa luz entrar no ambiente, e lhe ajudar a enxergar alguma coisa.

Colocou a água do café no fogo e pegou um livro que pedia para ser terminado de sua estante. Indo para a  rede e se deitando por lá.

Nenhum sinal da vizinha ao lado, talvez fosse muito cedo para ela também, ainda estava profundamente curiosa sobre oque havia acontecido na noite passada, mas devido a situação em que ela própria colocou as duas, não se sentiu no direito de insistir em uma justificativa.

A brisa do lado de fora era um pouco fria mas não incomodava a latina, tinha sido tão aquecida em sua noite de sono que sua temperatura corporal ainda preservava o calor.

Um pingo de água caiu em seu livro, levando a Noceda olhar para cima e analisar o clima, as nuvens pareciam estar revoltadas e a um fio de desabarem em uma chuva massiva.

Se levantou de sua rede, pois já estava sendo vítima do temporal e foi terminar de preparar o seu café. Enquanto o cheiro inundava o ar a temperatura caia mais e mais, ventos fortes entravam pela sacada, mas a Noceda se recusava a fechar a porta, já que queria economizar energia.

Caminhou até seu quarto para pegar um casaco, seu gorro inseparável, e um lençol bem quente. Sentou-se no sofá e ligou a televisão buscando por alguma coisa interessante para ver, agora esperando as torradas darem sinal de que estavam no ponto.

A poucos minutos já estava apreciando o simples café da manhã. E em um instante, aquele tempo de distância da hora em que a latina teria que fazer sua caminhada matinal, e enfrentar o seu trabalho se esgostou.

Era dia de corrida, onde os atletas do colegial mostrariam se estavam melhores em seus tempos na hora de cruzar a linha de chegada.

O treino seria mais rápido, pois a chuva ameaçava cair a todo instante

Só em seu time haviam uma garota e um garoto com ótimos resultados, Luz já sabia que tinham muitas chances de conseguirem uma bolsa no futuro.

Enquando estava encostada na barra de proteção da arquibancada, a Noceda lembrava de quando era ela quem estava dentro daquela pista, e junto a ela havia outra garota que nunca achou que encontraria novamente.

Boscha era a queridinha da treinadora junto consigo, mas a pressão nela era muito menor, pois a treinadora tinha uma ambição exagerada com oque ela considerava como sendo "melhor".

E ela considerava a latina como sendo a melhor, e por isso, o seu treino era três vezes mais pesado do que o normal, a treinadora esperava que a Noceda alcançasse o primeiro lugar acima dos outros atletas.

Luz mais nova e ingênua, não fazia ideia do quanto aquilo poderia ser prejudicial a ela, até o dia da lesão, quando algo colocado na pista a fez cair e fraturar o joelho, que já estava totalmente desgastado sem o conhecimento da jovem, que apenas sobrecarregava-se em recomendação da treinadora, que agia conforme o próprio ego e não como uma profissional.

I don't wanna be your friendOnde histórias criam vida. Descubra agora