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Emma Narrando.

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Observo meu reflexo no espelho mais uma vez, decidindo mudar tudo que estava vestindo e indo em direção ao guarda-roupa para escolher uma nova roupa. Não era uma questão de me arrumar demais para sair com meu chefe, apenas buscava algo confortável.

Bem, não sei o que passou pela minha cabeça ao concordar em sair com Thomas esta noite. Giulia compartilha da mesma opinião, considerando o irmão nada além de um mimado.

Não que meu estimado chefe não seja atraente, pelo contrário. Thomas é um homem negro, alto, com quase dois metros de altura, corpo atlético, o que fica evidente nos ternos que usa, cabelo curto e bem cortado, traços marcantes e um sorriso capaz de tirar o fôlego de qualquer um. E seus olhos... Negros e intensos como a própria noite, capazes de enviar arrepios, especialmente quando desafiam em momentos de fúria.

Quanto à opinião de Giulia sobre o irmão, ela é três anos mais nova que ele. Segundo ela, eles foram criados de maneira bastante diferente pelo pai, que era bastante machista. Enquanto ela deveria ser a princesinha da família, obedecendo a todas as ordens, ele era livre para viver como bem entendesse. Isso, segundo ela, moldou quem ele é hoje em dia. Confesso que não compreendi totalmente essa referência, ou talvez tenha preferido fingir que não entendi.

Observo-me novamente no espelho, satisfeita com minha imagem. Faço uma maquiagem leve e visto a jaqueta que escolhi, já que a noite estava mais fria do que o esperado. E então surge aquela pergunta: estou realmente louca ao ponto de participar de um racha ilegal em uma pista cheia de curvas, em uma noite com clima desfavorável, correndo o risco de ser presa ou até mesmo morrer?

Não sei ao certo, mas uma coisa é certa: só de pensar em me sentir viva novamente, sinto um frio na barriga. Passei minha adolescência correndo em rachas enquanto estava na Inglaterra, graças a Ethan, irmão de Ava, e Luke, seu melhor amigo.

Quando se está sobre duas rodas, cada segundo conta. O coração acelera quase saltando pela garganta, o frio na barriga a cada curva superada com sucesso, a sensação de invencibilidade, mesmo sabendo que não é verdadeira. Era isso que me fazia amar correr, entre outros motivos, muitos outros na verdade, mas isso é uma história para outro dia.

Ouço a campainha e pego minha bolsa e celular. Saio do quarto e desço as escadas. Ao abrir a porta, deparo-me com Thomas, vestido de forma bastante formal, parecendo uma versão sua do ambiente de trabalho.

- Você está deslumbrante, querida - ele diz, olhando-me dos pés à cabeça. - Contudo, não tenho certeza se esse seria o melhor traje para um jantar chique - acrescenta, um tanto sem jeito.

Sinto meu sangue ferver e faço um esforço para controlar minha língua. Mal abri a porta e o idiota à minha frente já está me insultando. Não estou vestindo nada extravagante, apenas um vestido um pouco justo nos ombros, uma jaqueta e um par de tênis. Nada demais. Parece que os planos de Thomas e os meus para esta noite são bem diferentes, afinal, ainda pretendo estar em casa antes da meia-noite.

- Talvez você tenha se vestido de forma equivocada. - retruco, erguendo as sobrancelhas enquanto observo seu desconforto, um sorriso irônico surgindo em seus lábios.

- Se você diz. - ele responde calmamente, aproximando-se para me abraçar e depositar um beijo molhado em minha nuca. Acabo ofegando com sua atitude, e ouço um riso baixo escapar de seus lábios.

Me solto de seus braços e seguimos em direção ao carro estacionado em frente à minha casa. É impressionante como nunca vejo meus vizinhos durante o dia, então me pergunto o que alguns deles estão fazendo em frente às suas casas às oito da noite. Quanto a Thomas, bem, ele é extravagante em tudo, então não é surpresa que seu carro seja também. Uma BMW 320i branca praticamente intocada está parada ali.

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