VIII - angoisse

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I can't save us, my Atlantis, we fall
We built this town on shaky ground

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Pessoas vivem suas vidas diariamente buscando por uma falsa perfeição. Mas de onde surgiu o conceito de perfeição? Quem dita o que é perfeito ou não?

Bom, aí vai uma bomba: a perfeição é uma farsa. Não existe nada perfeito ou sem defeitos, tudo há pelo menos uma forma de ser quebrado, amaldiçoado ou desbancado. Nada pode durar para sempre, não é mesmo?

Isso haveria controvérsias.

Mas se a perfeição não existe de fato, porque alguém criaria tal ilusão? 

Ora, essa é fácil.

Pense na perfeição como uma forma de impulsionar multidões em uma busca incessante por algo, a vida inteira pessoas e mais pessoas se veem em um labirinto sem saída procurando aquilo que os fará divinos, aquilo que os fará melhores.

A perfeição nada mais é do que um incentivo para que cada indivíduo busque por algo incansavelmente com a finalidade de atribuir mais valor à sua vida ou não. Se realmente existisse ela seria ao menos mais acessível, o que na verdade não é.

Na verdade, a busca para ser perfeito é angustiante, desgastante e, por vezes, mortal.

Harry e Louis não queriam ser o casal perfeito, afinal tampouco eram para o padrão da época. Eles queriam apenas viver aquele amor com intensidade, queriam apenas saborear a doce paixão de dois corações sedentos por esse sentimento. Eles queriam suas almas conectadas, seus espíritos livres e suas mãos usufruindo do toque que tanto ansiavam.

Entretanto, por mais que não buscassem por isso, alguma hora a situação lhes tomaria e, mesmo sem perceber os toques se tornariam menos frequentes, as almas cada vez mais afastadas e sua liberdade cada vez mais escapando por entre seus dedos. 

Esse era o peso do amor afinal.

Quando acordou no dia seguinte, o coração de Louis paralisou em angústia quando percebeu que não mais tinha um encaracolado ao seu lado, apenas sua vestimenta branquinha que agora carregava uma cor encardida pelo solo sujo. Suas vestes também se encontravam ao seu lado e nas redondezas daquela caverna restavam apenas lembranças dos momentos íntimos compartilhados e um garoto completamente confuso.

"Harry?" Chamou uma vez esperando alguma resposta que nunca viria.

Ao invés disso, viu ao longe uma andorinha. Ela era azul, quase da cor de seus próprios olhos, suas penas tinham uma mescla de branco e sua cabeça se movimentava em agitação, quase como se estivesse tão confusa quanto Louis.

Ouviu quando um som saiu de seu bico pequeno. Era como se estivesse respondendo ao chamado do garoto. Tudo era tão estranho. Estava tudo tão diferente. Era como se o mundo tivesse se transformado em uma camada densa que adentrava as narinas com dificuldade e saía de forma ainda mais difícil.

Se levantou do local onde estava antes e sentou encostado nas paredes da caverna, ainda nu. Não sabia dizer o porquê mas sabia que havia algo errado. Arrastou uma de suas pernas até ficar estendida ao solo e encostou seu antebraço no joelho erguido. Mexeu em seus cabelos ensebados e visualizou ao longe que o sol já havia nascido. Já era outro dia e ele nem ao menos viu a hora passar naquele sono pesado no chão duro daquele ambiente úmido.

Viu quando a andorinha voou em direção as vestimentas de Harry e permaneceu ali consigo enquanto observava tudo com o cenho franzido, preocupado e com saudades do mais novo, saudades dos seus braços quentes da noite anterior e dos beijos molhados que tanto gostaram de compartilhar.

when the day met the night ☾︎ l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora