Tudo o que eu tento provar

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Seokjin fechou a porta do apartamento de Taehyung sentindo o peso de sua decisão. Respirava com dificuldade ao chamar o elevador, e a cada andar que era anunciado sua sensação de sufocamento aumentava. Precisava sair dali e respirar, mas com a demora angustiante ele acaba desistindo e empurrando a porta de segurança das escadas.

Descia os degraus sem vê-los de fato, seu corpo ainda estava moroso, e ele só queria sair daquele lugar. Mesmo que fosse impossível, quase podia ouvir o choro sentido e pesado de Taehyung se distanciando, conseguia visualizar seu rosto cheio de lágrimas e um rancor em seus olhos que nunca desejaria ver realmente.

Quando enfim conseguiu sair do prédio, o som da cidade lhe devolveu a noção de realidade, os carros passavam na avenida próxima, alguma sirene tocava ao longe, e havia ar suficiente para que ele não perdesse os sentidos.

Estava doendo muito mais do que ele um dia imaginou.

Correu de volta para o carro e ao se sentar no banco, recostou a cabeça e fechou os olhos, estava mais perdido do que nunca. Não sabia o que fazer, se deveria voltar para casa, se era melhor ir para um bar e encher a cara. Talvez devesse ligar para Jisoo, chorar enquanto a ouvia dizer que estava tudo bem, mesmo sem saber de nada do que acontecia.

Mas era um dia tão feliz para ela, como poderia se meter no meio da felicidade dela com seus problemas dissimulados? Não conseguiria.

Pegou o celular pela primeira vez desde que chegara ali, e a tela mostrava duas chamadas perdidas de Hoseok e o relógio marcava uma hora da manhã.

— Merda...

Deixando toda sua confusão de lado, apenas deu partida no carro e dirigiu pela mesma cidade. Observando o mesmo borrão de luzes passando por seus olhos. Ele queria que Seul pudesse engolir todos os seus problemas e libertá-lo daquela dor. Que pudesse lhe devolver seus dezoito anos, suas escolhas, ou qualquer coisa possível.

Mas ela não podia.

[...]

Girou a chave na porta e entrou para o mesmo vazio escuro de horas antes. Mas daquela vez podia ver os sapatos do marido na entrada. Hoseok estava ali, obviamente. Caminhou a passos curtos, tentando ser o mais silencioso possível, deixando as chaves e a carteira no aparadouro. O único som que ouvia era o da geladeira, e ao adentrar a casa, teve a estranha sensação de ser apenas um intruso. E talvez ele fosse. Se sentia sujo, ainda que sua mente dizia que nada em si era sujo e que o que fizera antes, ainda que fosse errado, era amor, torto, mas amor.

Quando chegou até o quarto, a luz fraca do abajur ainda estava acesa, e era possível ver a figura de um Hoseok deitado em seu lado da cama debaixo dos cobertores. Um nó se formou na garganta de Seokjin e ele achou que não conseguiria mais segurar o choro.

— Jin? — A voz rouca de Hoseok soou pelo quarto, fazendo com que Seokjin travasse no lugar em que estava.

Respirou fundo, tentando não entrar em pânico.

— Oi, amor — respondeu com certa dificuldade.

— Onde estava?

Onde estava. Onde estava. Onde estava.

As palavras se repetiram na cabeça dele e nenhuma desculpa parecia boa o suficiente.

— Sai para comer alguma coisa... perdi a hora andando pelo rio Han.

Hoseok resmungou algo inaudível e Seokjin achou melhor não estender aquela situação.

— Vou tomar um banho, acabei indo direto... volte a dormir, deve estar cansado.

O segredo nos seus olhos | TAEJINOnde histórias criam vida. Descubra agora