Ainda estou aqui

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Hoje, 03/09 tive uma consulta com a psicanalista, não sei quem ficou pior, eu ou ela. confesso que minhas consultas acarretam bastante transtornos para quem me atende. 

Tive uma semana dessas perturbadoras, é basicamente como estar atolado em um pântano lamacento tentando erguer o pé e a lama puxa seu corpo para baixo como um elástico grudento e borrachudo. O corpo simplesmente sucumbe, numa dor e exaustão inexplicável, sentindo a pressão do psiquê e o cansaço físico.

Eu não queria pensar em suicídio, pois tenho uma filha de nove anos que aliás, está começando a sentir o reflexo da minha dor, e outra de um ano e nove meses, totalmente dependente de mim. Ela só tem eu, as vezes me deito e finjo estar dormindo ignorando sua presença, mas ela com seu jeitinho doce, enfia os dedinhos nos meus olhos me implorando que acorde.

Consigo mensurar a cena de eu morta e ela ao meu lado me chamando e o abismo desse calabouço me consome, a única saída é chorar.

Conheci a música NDA da Billie Eilish que ativa minha melancolia, me aproxima tanto da minha angústia e dor que acabo abraçando-a como uma amiga.

Quero parar com os pensamentos destrutivos. Quero voltar à rotina normal e fazer o que eu amava. Escrever, ler, cantar. Não sinto absolutamente nenhuma vontade nem ânimo para essas tarefas que em algum momento foi prazeroso em minha vida.

Sinto uma dor que não é palpável, nem ao menos explicável. Tento culpar meu inferno astral, já que dia 13/09 é meu aniversário e talvez essa dor desapareça.

Tento culpar minha TPM, mas todo o período passa e nada acontece. Só quero viver, mas viver sem dor.







Carta de despedidaOnde histórias criam vida. Descubra agora