Epilogo

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Rubens Hyse

Recomeços são difíceis, mas posso dizer que sou muito bom nisso. Arrumei minha vida inteira em dois anos, depois de ser deixado por alguém que eu achei que me amava tanto quanto eu a amava, perder amigos e quase me afogar em mim mesmo eu resolvi seguir meu sonho e minha vocação. 

As vezes me sento na beira da praia e lembro de como Thomas descrevia o por do sol como seu evento preferido de Los Angeles, a cidade não tem nada de angelical nela, mas tem algo que a faz parecer promissora. Por isso me mudei, mesmo depois de tudo resolvi estar aqui com meu plano inicial. Como estudante de psicologia eu sempre estive familiarizado com a solidão e os sentimentos conflitantes que ela trás, só que passar por esses sentimentos com o peso de um luto em cima deles poder ser bastante sufocante. 

— Senhor Hyse, a ultima paciente já esta te esperando. — Leila aparece na minha porta com um sorriso contido 

Pisco por ter me distraído tanto, eu nem lembrava que tinha mais alguém  hoje. 

— Onde esta a ficha desta paciente, Leila? — pergunto confuso 

— Deixei na sua mesa depois do almoço, senhor — ela franze o cenho ainda parada na fresta da porta 

— Eu... — encaro minha mesa um pouco perdido, tem pilhas de de fichas de pacientes com anotações minhas — Foi falha minha, Leila, desculpe — peço pegando um arquivo aparentemente novo 

— Sua mesa esta uma bagunça, senhor. — ela suspira — Quer ajuda para organizar? 

 Não! — nego constrangido — Não precisa, Leila. Muito obrigado. 

Ela assente silenciosa. 

— Posso mandar que entre? — pergunta incerta 

Eu nem li a ficha desta pessoa, é muito antiprofissional da minha parte, só não mais do que deixa-la esperando por tanto tempo para que eu leia em um papel o que ela mesma pode me contar. 

— Pode sim, Leila — confirmo. — Obrigado. — digo quando ela sai 

Abro a pasta de arquivos me declarando coma foto de uma adolescente ruiva muito bonita, antes que eu possa ler as informações minha porta é aberta novamente e dispenso o documento em minhas mãos. 

— Boa tarde! — cumprimento com um sorriso contido 

A garota ruiva me encara com olhos verdes estranhamente familiares, ela engole a seco quando Leila fecha a porta e parece medir a distancia entre mim e ela. 

— Não sabia que passaria com um homem. — é a primeira coisa que diz 

— Não precisa fazer nada se não se sentir confortável. — digo me levantando da cadeira 

Ela da um passo assustado para trás e me amaldiçoo por não ter lido sua ficha. 

— Minha antiga terapeuta morreu, eu gostava de conversar com ela. — a garota murmura sem desviar os olhos dos meus 

Ela é muito intensa. 

— Não precisa ficar perto de mim, posso sentar na minha cadeira e você neste sofá perto da porta, que está destrancada, pode sair a hora que quiser. — digo com a voz mais pacifica que consigo 

— Não vai tentar me agarrar não, né? — pergunta ainda colada na porta 

Abuso sexual, é isso que essa menina sofreu. Não é preciso ler uma ficha para saber, todos os sinais estavam ali e com essa fala me confirmou tudo. 

— Dou a minha palavra que nem apertarei sua mão. — prometo olhando fundo em seus olhos 

Ela morde o lábio inferior e depois de considerar por um instante senta no sofá vermelho ao lado da minha porta com uma vista ótima  para a janela e a praia lá fora. 

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