Dizem que a morte é um presente, uma agonia, um grito de desespero, um suspiro de alívio, uma sentença, um símbolo e um ponto final. Para mim, é uma punição.
Uma forma egoísta e pretensiosa de mostrar poder e impor medo. A mensagem de um covarde.
O tique taque irritante do relógio não para de esfregar na minha cara como estou ficando sem tempo, minha mente repete varias e varias vezes que é minha culpa e a parte mais egoísta do meu cérebro culpa a garota com o mesmo rosto que eu sentada, completamente aflita, á minha frente. Me sinto ainda pior por pensar algo deste tipo, e mesmo assim minha mente não para de girar e girar atirando teorias conspiratórias e autodestrutivas á minha consciência, já fragilizada.
As paredes brancas do hospital servem apenas como uma enorme tela vazia se enchendo com minhas inseguranças e medos capturando com gosto toda minha confusão interna. É quase como se zombasse do meu sofrimento, do sofrimento que eu mesma me submeti.
Encaro Jake á minha frente com um olhar preocupado e magoado, depois de tudo que aconteceu me surpreende que ele esteja aqui. Quero ir até ele e dizer que tudo que eu disse foi uma besteira sem igual, mas não posso fazer isso, não depois de tudo que aconteceu. Mordo o lado inferior da bochecha e faço uma careta pela dor no meu rosto. Volto a ficar irritada lembrando de como tudo começou, lembrando e remoendo o que eu poderia ter feito para impedir.
Uma semana antes.
Acordo com dores quase insuportáveis do rosto e na cabeça, pisco tentando me localizar e suspiro aliviada ao perceber que não estou no hospital. Minha garganta esta seca e vejo um copo de agua na minha mesa de cabeceira, estou no meu quarto, segura ao que parece, faço um esforço para me levantar e solto um gemido de dor quando sinto a pontada nas minhas costelas e cabeça.
— Ei! Você acordou! — Nina aparece no meu campo de visão
Seus olhos estão marejados e vermelhos, ela tem uma expressão cansada e preocupada e seus cabelos loiros estão evidentes em uma bagunça completa.
— Oi... — falo com a voz rouca
— Não fala nada, precisa descansar. — ela ajeita os travesseiros causando mais uma onda de dor — Desculpa — murmura culpada — Quer um pouco de agua?
Assinto minimamente e ela leva o copo com um canudo que eu não tinha visto aos meus lábios, bebo tudo que consigo me sentindo um pouco melhor.
— Roubei morfina pra você, vou buscar. — ela me encara por mais alguns segundos e sai
Respiro fundo três vezes antes de me levantar novamente, consigo me sentar segurando um grito de dor e vejo King dormindo nos meus pés, sorrio aliviada por tê-lo ali. Como se sentisse minha atenção ele acorda e balança o rabinho ao me ver acordada.
— Oi meu garotão — sussurro tentando sorrir mais sinto que sai como uma careta
Ele se aproxima lentamente e lambe minha mão com cuidado, sinto uma lagrima escorrer pelo meu rosto e abro os braços chamando-o para mim quando começo a chorar.
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Se formando no Amor
RomansaKendra Spivot é uma mulher de 20 anos, que sonhou em poder entrar na faculdade de Psicologia, finalmente depois de dois anos de trabalho duro e estudos incansáveis, ela conseguiu. O que Kendra não espera, é aprender mais do que sobre a mente humana...