Capítulo 19

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 Marshall... Fazem dias que não falo com ele, desde do que fez. Para ser franca, tem que ser muito atriz para isso. Eu não consigo ser tão falsa, atender e falar que está tudo bem, que o que aconteceu realmente não me incomodou.

 Encaro o nome no visor enquanto vejo a música tocar a mesma melodia repetidas vezes. Sinto saudades de ouvir sua voz, de sentir sua respiração, de abraçá-lo ou somente o encarar. Mas que merda!

 Sei que se eu atender agora, vou mostrar que não me importei, que sou uma completa idiota e que poderá fazer isso mil vezes e, as mil, o perdoarei. Possivelmente vai ficar se achando e pensando que preciso dele tanto quanto das minhas bolsas da Prada.

 -Nem pense nisso, Rowney -o moreno chega.

 Antes que eu possa atender, ele tira o aparelho das minhas mãos e recusa a ligação. Me estico para pegar o mesmo só que ele o ergue no ar e não consigo.

 Cruzo os braços de frente para ele e o encaro firme. O mais alto apenas dá uma risadinha de quem aprontou e esconde o aparelho atrás de si. Enfim, me olha com carinha de cachorro e já vai falando:

 -Você não vai manchar seu orgulho com ele, só vou te devolver se jurar por mim -faz um draminha- que não vai mandar mensagem.

 Ergo uma das sobrancelhas segurando o riso pela carinha que ele está fazendo. Enfim, reviro os olhos não me permitindo rir e concordo com a cabeça.

 -Isso aí, Rowney -sorri e me entrega o aparelho.

 Não falo nada, lhe dou um sorriso forçado e me preparo para descer as escadas. Só quero tomar um banho relaxante, esquecer daquele pesadelo horroroso e ir para a praia.

 Porém, antes de eu descer, o moreno assobia chamando minha atenção, o olho enquanto atravessa o quarto até a cômoda também procurando uma roupa com o rosto praticamente dentro da gaveta.

 -Obrigada por jurar por mim, -agora me olha- só espero que não quebre isso, gata -pisca.

 Coro involuntariamente, já deixei de ter controle disso a muito tempo. Balanço a cabeça negativamente e desço logo me trancando no banheiro e fazendo minhas higienes.

 Subo e o moço desce indo para o banheiro de onde acabo de sair. Dobro meu pijama o pondo sobre o meu lado da cama e vou pentear meus cabelos.

 Me olho atentamente no espelho e, não sei porque raios, mas me lembro do beijo de algumas horinhas atrás.

 Dimitri beija bem, não é exagero da Vannessa, ele é fogo. O que mais me impressiona é o sentimento que ele passou com o mesmo, conseguiu me acalmar só com os lábios, mostrou que realmente se importou com o que estava acontecendo e me falou em silêncio: "Fique calma, tudo vai dar certo".

 Não teve língua, foi uma coisa "pura", de certo modo. Ele sabia que naquele momento não precisava dela metida na minha boca, não estava à fim de beijos de cinema, somente de algo que me acalmasse e me passasse proteção. Qual treinamento ele fez em Los Angeles?

 Sorrio com isso ao tempo que flashs do pequeno encontrinho de nossos lábios passam em minha mente, como se fosse um filme, ou como um comercial de margarina.

 -Se você estiver ficando louca, -o moço surge no andar em que estou, me dando um susto- me avisa que eu ligo para o sanatório.

 Dou risada também ao passo que tento afastar as imagens da minha cabecinha de vento. O que está acontecendo comigo? Discretamente, observo o moço que se joga na cama ainda de toalha e mexe no celular.

(EM REVISÃO)New Deal.Onde histórias criam vida. Descubra agora