Capítulo 35

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 Fato: casais brigam a todo tempo, todos passam por crises. Por tanto, Dimitri e eu somos normais, somos apenas bons e tradicionais casais americanos.

 Me endireito devagar cruzando as pernas e ficando de frente para Ítalo e ele repete meu gesto. Permito as lágrimas rolarem dramaticamente, ainda sou uma recém-casada, para todos os efeitos. Encaro os olhos claros do moço, não tão claros quanto os do Dimitri, merda! Por que tenho que pensar tanto nele? Choro mais ainda, escondo o rosto nas palmas das mãos e o sinto acariciar o mesmo.

 - Nós brigamos -fungo.

 Tento esquecer os flashes daquela noite horrível, das palavras tenebrosas que saíram dos lábios que antes beijei várias vezes, dos mesmos lábios que beijo em meus sonhos e dos lábios que desejo mais do que nunca.

 Passo a mão por minha pequena barriga, a que ainda mal aparece e, menos ainda, por eu não ter comido nada para preenchê-la. Tento parar de soluçar, mas isso se torna uma missão impossível, pior do que descobrir quem é o El Conejo.

 Eu tenho alguém em quem confiar...

 Respiro fundo e despejo:

 - E... eu estou grávida.

 O moço sorri assim em poucos segundos que termino a frase, ele dá uma gargalhada feliz e me puxa para um abraço. Fico perplexa ao sentir suas mãos deslizaram por minhas costas, não estou tão mais acostumada a receber tais carinhos. 

 - Parabéns, doidinha - me aperta.

 Sorrio, "parabéns" é tão bom de ouvir, afinal, alguém me dando apoio neste momento. Não somente pensar no que vai ser e começar a pensar no que é.

 Agarro o moço sentindo a felicidade tomar conta de mim, pela primeira vez não me sinto culpada e com um peso na consciência, como se, de alguma forma, eu tivesse errado. Isso foi a coisa mais certa que poderia acontecer comigo.

 Me sinto como num sonho, um sonho que esperei durante anos para ter, sem pesadelos ou monstros.

 Sinto vários pares de braços ao nosso redor, uma energia e calor passa por nós como em uma corrente elétrica e já ouço a risada dos demais encobrindo a nossa. Provavelmente o resto do quarteto ouviu e não me importo, teria que contá-los de um jeito ou de outro.

 Me dou conta de que não posso mais perder contato com eles. Senti falta de ser eu novamente, de ser aquela adolescente de cabelos parcialmente loiros e óculos grandes, aquela que não tirava um bom jeans dos quadris e os AllStars dos pés. Aquela que não era apaixonada por um babaca, aquela que sentia que em seu coração havia somente um único homem e nem tinha muita certeza pois era jovem demais para entender.

 Com esses quatro, sinto como se eu tivesse uma segunda alma e ela estivesse voltando para meu corpo, essa sendo a melhor versão de mim. Sei que, por mais loucos que sejam, nunca irão me abandonar e jamais deixarão de me fazer rir.

 Não sei como será quando eu sair daqui mas, provavelmente, não poderei continuar morando com o Sr. S. Se Marsh e eu fomos mesmo ficar juntos, vou fazer o possível para que fique perto o bastante desses quatro. Meus melhores amigos, meus irmãos, meus doidinhos...

 Nos afastamos gradativamente, porém a gêmea continua grudada a mim totalmente sem jeito sentada sobre o braço do sofá. Embora esteja me abraçando por trás, me viro de frente me acomodado em seus braços sentindo seu cheirinho que não mudou nada desde o ensino médio.

 - Eu que descobri! - A loira fala repentinamente.

 Dou uma curta gargalhada levantando meus olhos e os enxugo. Percorro o ambiente encontrando todos sorrindo como bobos para mim, como se fosse um final de filme perfeito, e eu gostaria que fosse.

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⏰ Última atualização: Jul 03, 2022 ⏰

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