# 𝐨𝐧𝐞

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— Cansei um pouco de rosa. Parou de ficar exclusivo, sabe?

Nobara te acompanhava no mesmo salão de sempre, mesmo que fizesse questão de reclamar das inúmeras lojas que você parava pelo shopping. Sentada na pequena poltrona com a manicure à sua frente, sentia seus cabelos sendo finalizados com um óleo hidratante.

— Preto. — a ruiva continuava descendo a tela pelo Instagram.

— Preto com rosa! — deu leves batidinhas com os pés no chão. — Faz o anelar rosa bebê e os outros preto, em stilleto, claro. É mais difícil, mas faço um esforcinho pra não machucar na hora de...

— [Nome]! — Nobara chamou sua atenção antes que você completasse, tirando uma risada divertida de você.

— Isso, pode ser esse tom. — você apontou para um dos esmaltes na mão da mulher e voltou o olhar para Nobara. — Mas e a calourada? Você realmente quer ir nesses lugares?

— Não é como se você tivesse muito critério também. Vai achar ilícitos e lugar pra você ser vista, não é suficiente?

— Agora vi vantagem. — você lançou uma piscadinha para a ruiva e ela revirou os olhos em resposta. — Meu cabelo ficou bom?!

— Sim, sempre. — ela não se esforçou muito em analisar, mas você já tinha ficado satisfeita com a resposta.

Nobara era quem dividia um dos dormitórios do campus com você, ambas estavam para iniciar o primeiro semestre e você se viu na oportunidade de, finalmente, sair da casa do seu pai. Ele não era um homem ruim, pelo contrário, era protetor até demais. Tê-lo como reitor na Universidade seria um pouco contra os seus planejamentos, mas nada que uma postura de boa moça não pudesse dar conta.

Era o primeiro dia no curso que tanto esperou para entrar, moda. Logo de cara, não conseguiu arrumar alguém tão rápido para dividir um dos dormitórios, mas, por sorte, encontrou Nobara discutindo por um dos quartos na secretaria e conseguiram vaga no último restante. Não tinham se visto uma única vez, mas aproveitaram as necessidades em comum e já tinham feito a mudança.

Pega meu cartão no segundo zíper. — você apontou para sua bolsa, Nobara bloqueou o celular e começou a revirar a bagunça de maquiagens, cartões e chaves.

— Qual deles?

— O preto. — respondeu voltando a olhar as unhas dos pés já feitas. — A senha é 0910, pode pagar pra mim?

Nobara franziu o cenho pela naturalidade com que você tratava coisas até que consideradas sérias, como a senha de um cartão black sem limite. Mas, claro, ela não contestou, apenas riu anasalado chacoalhando a cabeça e foi até o balcão enquanto a manicure te ajudava a calçar os saltos sem borrar o esmalte.

Suspirou enquanto se levantava, jogando os cabelos para trás enquanto balançava as mãos para secar a pintura.

— Desse jeito, vai perder logo a primeira aula no primeiro dia. — Nobara encaixou sua bolsa no seu ombro já que você não conseguia sozinha.

— É só sorrir e eles relevam, não é assim com você? — você a olhou confusa, como se fosse a coisa mais óbvia e normal pra você.

— Não?! — ela riu, desacreditada. — Essas coisas só funcionam com você, [Nome], nossa realidade é bem diferente.

— Por pouco tempo, amor, até porque mi casa es su casa.

Nobara revirou os olhos e te ajudou a levar as poucas sacolas de roupa que você tinha comprado em poucas horas. O shopping não era longe do campus, seria o tempo suficiente para deixar tudo no dormitório e seguir pro prédio da faculdade. O seu motorista já aguardava na entrada do shopping, onde vocês apressaram o passo para chegar e saíram.

𝐍𝐄𝐄𝐃 𝐓𝐎 𝐊𝐍𝐎𝐖, satosugu + readerOnde histórias criam vida. Descubra agora