# 𝐭𝐰𝐞𝐧𝐭𝐲 𝐭𝐡𝐫𝐞𝐞

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Aviso de gatilho: violência doméstica, uso de arma de fogo, suicídio.

Um grunhido frustrado saiu da boca de Satoru pela barulheira matinal da fraternidade. Gostava de morar na Slaughter, era um dos únicos lugares que ele realmente se sentia em casa, mas a música alta de Choso no quarto ao lado, em plena sete da manhã, era um dos pontos negativos.

Tateou a cama em busca do celular, vendo que já havia passado quinze minutos do horário que Suguru sempre o acordava. Como ele pensou, Geto estava realmente bravo para sequer acordá-lo hoje.

Com o corpo pesado, levantou da cama e, esfregando o rosto, foi até o banheiro, fazendo tudo o que precisava. Vestiu o uniforme de qualquer jeito, sem se importar se a social branca estava amarrotada ou não, colocou a gravata de qualquer jeito, pegou os óculos de sempre e desceu as escadas, vendo os garotos saindo da fraternidade.

— Choso. – Gojo o chamou, fazendo ele parar de andar até a porta e encarar o maior. Ele tinha, como sempre, um baseado atrás da orelha e os olhos vermelhos. –— Suguru já foi pra aula?

— Nem sei, man. – Choso respondeu, com a voz arrastada. — Ele não tava aqui hoje, não.

— Ele não dormiu aqui?

— Acho que não.

— Tá, valeu. – murmurou, suspirando pesado e pegando o celular, vendo que nenhuma das mensagens que mandou ontem havia sido respondida ou, pelo menos, visualizadas.

Comeu só uma maçã, afinal, ele não tinha comido nada o dia anterior inteiro e nem antes também, então, seu estômago não aguentaria mais do que isso, ele só não queria ficar mais tempo com ele vazio.

Pegou sua bolsa, que sempre deixava perto da saída, e foi para a aula, apertando o passo, já estava atrasado, não queria perder mais tempo e ter que ouvir mais reclamações dos professores. Fez todo o caminho até o prédio em que estudava, entrando na sala de aula e suspirando aliviado ao ver que o professor do horário não tinha chegado ainda.

Como toda segunda-feira, o dia passou demorado, ainda mais pelo fato de Satoru estar ansioso. Não conseguia não pensar no que tinha feito sábado à noite. Ele sabia que havia extrapolado, isso já era motivo o suficiente para Suguru ficar bravo. Afinal, para Geto não cuidar dele, deveria estar, realmente, furioso.

Mas, talvez, não fosse o único. Você poderia ter contado, qualquer detalhe, do que ele disse na conversa que tiveram na festa. Poderia ser, também, pelo fato dele ter ido na casa de Henry e sequer avisado qualquer coisa. Afinal, ele sabia que Suguru desprezava Henry.

Querendo deixar todos esses pensamentos de lado, olhou para o slide que o professor de Propulsão passava e tentou prestar atenção, mas, cinco minutos depois, se viu no mesmo lugar que estava no começo das aulas; com as pernas tremendo, roendo as unhas e pensando em Geto.

Não conseguiu desviar os pensamentos até o sinal bater, indicando o horário de almoço. Satoru se levantou em um pulo, saindo apressado da sala e indo até a saída do prédio no qual Suguru estudava. Perguntou para alguns dos alunos que estudavam na mesma sala, mas ninguém sabia dele.

Respirou fundo, indo em direção ao refeitório, encontrando com alguns amigos no caminho, e tentou deixar tudo de lado. Uma hora Suguru falaria com ele, querendo ou não.

Entrando no prédio, passou os olhos pela multidão de alunos que já se encontrava ali, amontoados nas mesas e enchendo o ambiente com o som de conversas e risadas altas.

No meio de todo esse pequeno caos que sempre se instalava ali, os olhos de Satoru bateram em você, sentada, a algumas mesas de distância, com alguns colegas do seu curso e conversando com eles, mesmo que você mal prestasse atenção.

𝐍𝐄𝐄𝐃 𝐓𝐎 𝐊𝐍𝐎𝐖, satosugu + readerOnde histórias criam vida. Descubra agora