Capítulo catorze

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Acordo um pouco mais cedo para ir ao quarto de Drew. Preciso ajudá-lo com a ressaca.

São dez horas da manhã e ele está dormindo de barriga para baixo, sem camisa e com o braço debaixo do travesseiro, por experiência própria eu sei que ele vai reclamar de dor quando acordar.

– Ei – Digo me sentando na pontinha da cama e balançando ele pelo braço devagar, não quero que acorde no susto. Ele fica lindo dormindo. – Amigo acorda, preciso saber se está vivo.

– Ajdsowjfhusm – Ele resmunga.

– Eu só sei inglês e português Drew, fale uma língua que exista.

– Estou vivo.

– Ótimo, agora senta e toma isso. – Digo entregando um remédio para dor de cabeça e um copo d'agua.

– Por que? – Ele se senta e pega as coisas da minha mão. – Estou com dor de cabeça.

– Meu Deus homem você é mais velho que eu e não sabe por que estou te entregando remédio e água depois de você beber pra cacete na noite anterior?

– Mereci essa. – E então finalmente toma o remédio.

– Não lembro de nada de ontem a noite. – Ele diz.

– Depois pergunto a Jess, já que ela supostamente deveria estar tomando conta de você.

– Eu tenho vinte e dois anos, não preciso de babá.

– Sim, você precisa. Agora toma o café da manhã. – Digo entregando um prato com pão e uma xícara de café.

– O que eu faria sem você?

– Morreria. – Saio do quarto deixando Drew comer e descansar, ele precisa disso.

Não é do tipo de beber, mas gosta de vez em quando e ontem a noite exagerou. Merda. Eu deveria ter ido com ele, tomado conta dele. Não precisa de babá uma ova! As vezes fico realmente confusa se ele tem vinte e dois, quinze, ou cinco anos. Provavelmente um pouco dos dois.

Na próxima vez não vou deixar ele sozinho, na próxima festa eu me viro com isso.

A verdade é que realmente não curto muito festa, prefiro os outros lugares clichês que todo mundo sempre vai, sei lá. Na adolescência, minhas amigas sempre eram aquelas que saiam para beijar o tempo todo e fazer besteira. Queria conseguir ser como elas.

Eu era tão lerda nas festas que demorou até eu ficar com o primeiro garoto. Aos quinze, enquanto as meninas já estavam... vamos dizer que avançadas, eu tentava dar brechas para ter pelo menos uma conversa com alguém.

Não sei se eram os meninos que não davam em cima de mim ou se era eu que olhava feio para todo mundo e me fechava. Acho que é por isso que nunca tive um namorado ou namorada, sei lá, prefiro não me rotular nesse quesito.

Nunca vou entender como me abri tão rápido com Drew, como eu abaixei a guarda e todo aquele muro em volta de mim. Ser amiga de Drew é algo incrível, de verdade, eu adoro esse garoto, mas nas festas? Experimenta andar com alguém que ou está tirando fotos ou tentando dizer "Ei você é muito nova pelo amor de Deus pare de dar em cima de mim".

Onde o cara passa todo mundo olho, é surreal. Já o vi ficar com algumas meninas nas festinhas que vamos, já até servi de cupido para ele.

Em uma dessas festas, eu conversei o tempo inteiro com um dos amigos de Drew, um paulista que estava de visita. Conversamos sobre tudo! Drew olhou feio pra mim o resto da noite depois que me viu beijando ele. Foi nossa primeira discussão mais "séria" porque discutir a gente discute toda hora, mas é coisa boba, é coisa nossa. As nossas pequenas brigas é o que torna nossa amizade única.

– Por que você está de mau humor? – Perguntei a ele.

– De tanta gente na festa você decide ficar com um amigo meu?

– Não achei que teria problema. Melhor eu ficar com um conhecido do que com um cara qualquer.

– Não é bem assim Miriam. – Fazia muito tempo que não escutava alguém me chamando pelo nome, sempre fui chamada de Mia que ultimamente venho até pensando em mudar no cartório. Fiquei surpresa quando ele me chamou pelo nome.

– Por que você está tão bravo? – Perguntei.

– Não estou bravo, só acho que não tinha necessidade de você ficar com um amigo meu.

– Foi só um beijo, D, não tem necessidade disso tudo. E aliás, esses dias você estava dando em cima de Clara, e eu nem falei nada.

– Eu? Dando em cima de Clara? Meu Deus Mia para de ver coisa onde não tem.

– Digo o mesmo. – Depois daquela pequena discussão e ele passar o resto da noite me olhando feio, a gente acabou esquecendo de tudo. Fingimos que não aconteceu, mas um dia espero descobrir porque ele ficou tão irritado, tudo bem que era amigo dele, mas não é como se eu fosse casar com o cara.

Mas essa é uma coisa que gosto na nossa amizade. É bom esquecer certas coisas, e a gente faz isso muito bem quando é preciso. Qualquer desentendimento mais sério nós nos sentamos para conversar, e então fica tudo bem. Se a maioria dos casamentos fossem assim, não existiria divórcio.

Paper Rings | Drew StarkeyOnde histórias criam vida. Descubra agora