Capítulo dezessete

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Já estamos no final de setembro quase no início de outubro. Cada vez mais perto de Drew ir embora e de eu surtar de vez.

Já faz uma semana que tento assimilar as provas escolares com as inscrições para a faculdade e ainda preciso arrumar tempo para dar atenção para o meu melhor amigo. Para variar, hoje ele está na minha casa e não o contrário.

– Por que você se inscreveu em uma faculdade de outro estado? – Pergunta minha mãe. Estamos na sala e ela está vendo minhas inscrições junto ao meu pai e minha irmã. Ainda não viu a inscrição para a faculdade de artes, e espero que não veja.

– Preciso de várias alternativas mãe. Para ser sincera não ia me inscrever em nenhuma aqui do Brasil mas é melhor prevenir do que remediar, aqui é mais fácil.

– Não sei se estou preparada para vê-la morando longe de mim!

– Eu disse que não faria intercâmbio no ensino médio mas sim na faculdade, deveria ter se preparado.

– Os pais nunca estão acostumados a ver o filho saindo de casa meu amor. – Diz meu pai.

– É, eu sei, mas vai ser preciso.

– Fiquem tranquilos – Drew entra na conversa. – Vou cuidar bem dela lá fora!

– Você sabe que ela se inscreveu em uma faculdade no Canadá né? – Minha irmã pergunta sorrindo e olhando para Drew.

– Eu me mudo se for preciso, não posso deixar essa ai sozinha no mundo.

– Ei! Eu sou muito responsável! – Me sinto sem graça quando eles começam a rir. Que vontade de falar que Drew não é responsável coisa nenhuma porque se fosse não chegaria bêbado em casa.

– Não pode me deixar sozinha no mundo mas vai embora. – Digo mais para mim do que para ele. Eu sei que não tem como Drew morar aqui com sua vida inteira lá, me sentiria mal se ele fizesse isso, mas lá no fundo eu confesso que gostaria.

– Você sabe que se eu pudesse... – Ele responde mesmo quando achei que não tinha escutado.

– Eu sei, eu sei.

– Ah não fiquem tristes! – Se intromete minha mãe. – É óbvio que Mia vai passar em alguma faculdade no exterior, vocês vão se ver em breve! No máximo ficarão uns dois meses sem se ver.

– Isso é muita coisa! – Dizemos em uníssono.

– Vocês passaram anos sem se verem, vocês aguentam alguns meses. – Minha irmã diz como se não soubesse o motivo da nossa separação.

– Nós nem lembravamos um do outro – Eu digo. – Com lembranças novas e antigas, fica mais difícil. – Drew completa.

Minha irmã gesticula para falar algo mas é interrompida por meu pai.

– Instituição artes por amor, o lugar onde a criatividade se conecta com os estudos. O que é isso? Porque parece mais o nome de uma escola do que de uma faculdade. – Ele diz rindo, como se fosse uma piada. Me controlo muito para não chorar mas estou quase. O tom de voz dele me irritou em níveis absurdos! Abraço Drew na intenção de controlar as lágrimas, e ele fica desenhando pequenos círculos com o dedo no meu braço, o que me acalma um pouco.

– Ah, não é nada demais, só uma tentativa caso tudo dê errado. – Respondo.

– Tem outra aqui com o nome engraçado. É de cinema essa? – Ele me mostra o computador.

– Sim pai.

– Por que?

– Caso as outras não deem certo.

– Se as coisas não derem certo, o que é quase impossível, existem milhares de outras opções!

– Escolhi coisas que eu gosto e me daria bem.

– Artes e cinema? Desde quando?

– Está mesmo perguntando isso? – Largo Drew e fico sentada com postura. Agora a tristeza virou ódio. – Ja viu meu quarto?

– Ah, Mia, o que isso tem a ver? Você gosta de ver filmes e séries e de ler, não significa que precisa fazer artes ou cinema.

– Nunca disse que vou fazer, apenas me inscrevi por precaução.

– Você não se inscreveu em psicologia mas se inscreveu em artes, é sério isso filha? – Minha mãe Interrompe.

– Ja tenho problemas demais, não quero ouvir os de pessoas desconhecidas.

Minha mãe da uma risada. Aquilo me irrita mais ainda.

– Então as suas inscrições foram, advocacia, medicina e... ARTES E CINEMA? Hilário.

– É, foi exatamente isso e não me importo com o que vocês pensam, vou fazer o que eu quiser. – Meu tom é seco e arrogante.

– O que disse mocinha? – Minha mãe parece chateada.

– Nada, desculpa. – Saio correndo dali. Drew vem atrás. Meu Deus isso é tão cansativo. Por que tudo vira um problema quando se trata de mim? Ah, claro, porque a Vic é perfeita, nunca errou uma vez na vida. Quando eles vão perceber que eu não sou mais criança?

– Você está bem? – Drew pergunta atrás de mim.

– Me leve embora com você, por favor, me adota.

– Você caberia na mala, pode ser?

– Eu aceito qualquer coisa só por favor não me deixe aqui. – Começo a chorar. Ele me abraça. Eu amo meus pais, sempre foram tranquilos comigo em relação a muitas coisas, menos no que eu realmente quero para mim mesma, sempre controlaram tudo. Meu primeiro namorado? Eles que arrumaram para mim. O filho de uma vizinha nossa tinha catorze anos e eu treze, naquela idade era só andar de mãos dadas e beijinho na bochecha, mas, mesmo assim, foi eles quem arrumaram aquilo tudo.

Aos dezesseis, não cheguei a ter um namorado mas gostava de um garoto, e detalhe, não namoramos por causa de meus pais. Ele tinha acabado de fazer dezoito, apenas dois anos mais velho. Meus pais não surtaram muito com todo aquele lance da minha primeira vez e tals, até descobrir como o menino era.

Andava de moto e tinha duas tatuagens. Só a moto era o suficiente para eles não gostarem do garoto. Ele era lindo! Tinha uma vibe de Misha Lare misturado com Hardin Scott! Quase cheguei a amá-lo.

Um mês que estávamos saindo, decidi levar ele lá em casa, porque ELE queria isso. Chegando lá meus pais o trataram super bem, perguntaram as coisinhas de sempre como o emprego, o que queria da vida e etc. O menino respondeu tudo! Apesar de parecer aqueles garotos problemáticos, ele era um amor comigo e com todo mundo. Era super popularzinho mas não era chato e babaca como os outros. Me sentia uma princesa quando andava de moto com ele, quando as pessoas olhavam para mim. Fiz alguns amigos naquela época, só sobraram dois, Maria e Victor, mas pelo menos foi divertido em quanto durou.

Depois do jantar com meus pais, eu quase não o via mais direito. Fui proibida de vê-lo todos os dias porque minha mãe disse que "não era saudável" e que eu ainda era nova demais para namorar e ficar de grude. Nem namorando eu estava. Ficou cansativo tudo aquilo e com lágrimas nos olhos ele me disse que não poderíamos mais ficar juntos, porque não rolava ficar com alguém que quase nunca podia vê-lo.

Minha primeira decepção amorosa. Nunca mais me envolvi com alguém depois daquilo.

– Tudo bem, pode chorar, fica tranquila, estou aqui agora. – Drew diz acariciando minhas costas e me apertando mais contra seu peito. Quero morar naquele abraço.

– Mas você não vai mais estar aqui semana que vem.

– Olha para mim, Mia. – Ele diz e eu levanto a cabeça para ver seus olhos. – Não importa a distância, eu sempre vou estar ao seu lado, se precisar de mim, eu venho correndo, não pense antes de me chamar, eu pego o primeiro voo ou venho a pé se for preciso.

– Te amo muito sabia? – Ja dissemos eu te amo um para o outro, ele disse primeiro. Eu amo esse garoto, ele é meu melhor amigo e sempre vai ser, somos destinados a isso.

– Eu também te amo, bananinha.

Paper Rings | Drew StarkeyOnde histórias criam vida. Descubra agora