three

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— Que merda

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— Que merda.

Ao escutar o som estridente do despertador tocar você não pôde evitar de acordar irritada. Já era segunda-feira e infelizmente você teria que ir para escola.

Não que você odiasse estudar ou algo do tipo, até porque era conhecida como a aluna destaque em todas as escolas que frequentou. Antigamente acabava descontando todos os ressentimentos e traumas causados pelo seu pai nos estudos, por isso as notas boas e todo esse reconhecimento.

Era tudo falso e fingimento, mas pelo menos era uma coisa que você conquistou.

O que de fato te deixou irritada nesta manhã, foi sua mãe ter comprado o uniforme um número a menos do que você veste. Como literalmente havia dormido o dia inteiro depois da noite em que voltou para casa, não teve tempo de se organizar para os requisitos escolares, portanto sua mãe se encarregou de tudo.
Não culpava a mais velha, porém seu corpo não era o mesmo de três anos atrás.

O uniforme em si era bonitinho, bem tradicional. Consistia em uma saia cinza com uma camisa social de manga curta branca. Assim que terminou de se arrumar, viu que ele não havia ficado tão ruim, só a saia que estava um pouco justa e curta demais, mas por ora usaria ela assim mesmo e depois compraria outra.

Colocou um tênis preto básico, deixou o cabelo solto e só passou um pouquinho de corretivo para tampar as olheiras. Você era naturalmente bonita e querendo ou não, mesmo não estando tão arrumada chamava a atenção por onde passava. Apesar disso, quase não ligava muito pra sua aparência.

Lógico que tinha dias que você acordava se sentindo bem e até encontrava a beleza surpreendente que as pessoas diziam que você possuía. Mas tinha outros dias que por Deus, tinha uma vontade imensa de se jogar de um prédio.

— Bom dia filha. — sua mãe disse abrindo a porta do quarto, indo em sua direção para lhe dar um abraço.

— Bom dia mãe. — retribuiu o abraço caloroso da mais velha.

— Hm, vejo que acabei errando o número de seu uniforme. Desculpe.

— Não precisa se preocupar, vou ir usando esse até comprar outro. — disse vendo ela assentir com a cabeça.

— Vai querer tomar café? Pelo que me lembre você não tinha o costume antes, mas tanta coisa mudou. — falou amuada.

Mesmo você conversando com ela todos os dias que estava longe e mesmo você dizendo que ela não precisava ficar se martirizando pelo o que aconteceu com você, sua mãe não conseguia deixar de se sentir culpada. Qualquer mínima coisa que ela fazia, ficava com medo de te machucar.

De certo modo, você achava essa superproteção uma baboseira, não é como você fosse uma boneca de porcelana, afinal todos tem seus demônios para encarar. Mas no fundo, ter ela ali se importando e te dando carinho depois de tanto tempo sem ter quaisquer dessas demonstrações de afeto, era bom demais.

𝒞𝑙𝑎𝑟𝑖𝑡𝑦 // 𝔇𝔯𝔞𝔨𝔢𝔫Onde histórias criam vida. Descubra agora