twenty-nine, e último

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As batidas incessantes e ansiosas de pés contra o chão assim como o ruído dos ponteiros do relógio mudando o horário de segundo em segundo, eram os únicos barulhos audíveis na sala de espera — surpreendentemente vazia — naquela ala do hospital.

Draken tinha os braços apoiados nas coxas que tremiam consideravelmente conforme o movimento inquieto de seus pés, enquanto seu olhar caído e desanimado permanecia encarando intensamente o piso branco de cerâmica totalmente sem graça, como se ele de alguma forma tivesse todas as respostas — e conforto — que ele mais buscava naquele momento.

Havia passado uma hora e meia desde que seu coração voltara a bater e você entrara em cirugia para a remoção da bala que estava alojada na sua barriga. E também, havia se passado cerca de uma hora que Mikey fora até a delegacia atrás de Naoto para finalmente se entregar.

A cabeça de Ryuguji fervilhava com os acontecimentos da última hora, e por mais que estivesse um pouco preocupado com Manjiro, a preocupação por você era a que prevalecia, afinal ele já tinha consciência que o melhor amigo iria se entregar, só não imaginava que seria logo depois de os deixarem no hospital.

No fundo, tudo o que Draken queria era que pelo menos alguém estivesse ali para lhe dar algum amparo, uma vez que sentia-se desmoronar a cada minuto tortuoso que se passava por não receber notícias suas.

Quando menos esperava sua mente vagou distante da realidade que vivia no presente e o moreno se viu perdido naquelas memórias deleitáveis compartilhadas ao seu lado, onde ambos estavam na sala de estar cheios de apetrechos brincando e mimando a Aiko; juntos trocando carícias voluptuosas e singelas na sua cama; ou simplesmente deitados em cima de um cobertor no alto da colina em que ele havia lhe pedido em casamento, enquanto você o escutava pacientemente e com o sorriso leve pelo qual ele era apaixonado, contar sobre os mais diversos significados das constelações.


— Parece que meu subconsciente sente prazer em me infernizar. — o moreno lamuriou a si mesmo num tom baixo, deixando por vez outros pensamentos tomarem posse de sua mente.

Mesmo que fosse egoísmo, Draken não conseguira deixar de pensar que se você tivesse deixado o caso pra lá e não se importasse tanto com outros a ponto de quase sempre correr riscos por não se colocar em primeiro lugar, nada disso teria acontecido. E ainda que despontasse consequências pela suposta falta das suas ações, pelo menos você estaria bem e era só isso que importava para ele.

Soltando um suspiro pesado, fechou os olhos com força ao mesmo tempo em que automaticamente se auto-repreendia. Não deveria pensar assim, mas também não era como se pudesse evitar.

Imaginar te perder e viver em um mundo sem você doía.

Doía tanto que a dor parecia ter ganhado forma e massa, tornando-se palpável.


𝒞𝑙𝑎𝑟𝑖𝑡𝑦 // 𝔇𝔯𝔞𝔨𝔢𝔫Onde histórias criam vida. Descubra agora