𝒞𝑙𝑎𝑟𝑖𝑡𝑦 // 𝔇𝔯𝔞𝔨𝔢𝔫

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As folhas secas num tom amarelado laranjado não deixavam de marcar presença em praticamente todas as ruas de Tokyo, tornando o ambiente pelo menos ao seu ver, muito mais bonito.

A redução gradativa das temperaturas diárias, que passavam de elevadas a mais amenas, antecipando o período frio que vem na sequência dando espaço à outra época, era com certeza o que mais lhe agradava.

O outono é a estação que mais indicia a passagem do tempo e das próximas estações que viriam a seguir. Para você, não significava somente uma alternância climática, mas também uma mudança e amadurecimento pessoal.

Foi realmente surpreendente o quão rápido as semanas passaram, considerando que agora já era dezembro.

Por sua escola ser um pouco diferente das convencionais e tradicionais instituições de ensino japonesas, as férias chegaram antes do previsto. Bom, pelo menos pra você que havia conseguido passar o segundo ano do colegial com louvor, pois aqueles que ficaram de recuperação final ainda teriam aula até o natal. Era nessas horas que agradecia veemente por ser dedicada e focada nos estudos.

Além do mais, fazia-se cerca de um mês e quinze dias desde que infortunadamente o evento trágico conhecido como halloween sangrento havia tirado a vida de Baji.

Desde a sua ida ao cemitério no dia do aniversário de Keisuke, de certa forma, você havia conseguido colocar tudo o que sentia pra fora.

Tudo o que queria falar, queria ter falado e gostaria falar.

Com isso, sua fase de negação se esvaiu dando espaço para que sua mente, corpo e coração lidassem com o processo da perda no seu próprio ritmo e tempo. Mesmo já tendo se passado um mês, você ainda não tinha superado. Achava que nunca iria superar, mas tudo bem, não é como se isso fosse te impedir de ser feliz e de seguir em frente de qualquer maneira.

Talvez a palavra certa que se tornara sua clareza, fosse a aceitação.

Você aceitou a morte dele. Aceitou que ele não iria mais voltar. Aceitou que infelizmente teria que viver sem a sua companhia diária. Aceitou e orou para que ele estivesse em um lugar melhor cuidando de todos que permaneceram e sofriam com a sua ida.

Aceitou tanto, tanto, tanto, que quando parava para olhar as fotos de criança até as mais recentes que tinha com ele, não sentia aquela dor excruciante ou chorava mais. Você ficava em paz. Feliz por ter conhecido a pessoa tão boa e genuína que ele era e de ter vivido o que viveu ao seu lado.

A memória é a capacidade de armazenar informações de modo que essas possam ser recuperadas quando buscamos recordá-las, através da lembrança. Keisuke Baji com toda convicção seria uma das suas melhores lembranças, que você cuidaria com todo o amor e carinho para ser resguardada e jamais esquecida.

Se tem um lado bom disso tudo, se é que existe um lado assim em toda essa história levando em consideração tudo o que aconteceu, é que você acabou se aproximando bastante de Chifuyu. O menor sempre que tinha a chance acabava parando na sua casa para conversar com Takemichi acerca de Kisaki, e sobre o que ambos iriam fazer para conseguirem tirá-lo da gangue.