Arranjado - Satzu

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Aqui estou eu, arrumando as malditas malas para me casar com uma desconhecida, eu mal sei o nome dela! Vai que ela seja uma pessoa horrível de aparência, uma velha gorda baixinha? Isso iria manchar minha carreira, já pensou se isso sai nos jornais, "Minatozaki Sana, a maior modelo da Coreia e do Japão se casa com uma velha gorda baixinha". Meu pai me paga!

- Já está pronta minha filha? O motorista já está aí para leva-la ao nosso hangar. – Abre a porta depois de dar leve batidas na mesma, e por eu não responder achou melhor abri-la, eu odeio isso, não mandei ele abrir.

Ignoro completamente sua presença e pego minhas duas malas saindo do quarto, desço as enormes escadas e caminho para a saída, assim que o motorista me vê, pega as malas colocando no porta malas da limousine, depois em passos ligeiros abre a porta do automóvel e eu entro no mesmo sem olhar para trás.

- Filha não faz assim... – Pude escutar sua voz um pouco abafada pelo vidro fechado da limousine, olho pro meu pai com desdém e vejo seu semblante triste.

- Tá esperando o quê pra dá a partida bocó? – Dou leves tapas no banco de couro.

- P-Perdão senhorita... – De um jeito apressando e desleixando fazendo-me revirar os olhos, o homem finalmente dá a partida.

Depois de uma hora dentro daquela maldita limousine, chegamos no hangar do meu pai, motorista faz o mesmo processo, abre a porta para eu sair, e logo em seguida pega as malas. Caminho para dentro do hangar com o mesmo me seguindo, e ao longe já pude avistar o meu jatinho, sim meu, fiz questão que meu pai comprasse um para mim no intuito de eu não precisar ir no aeroporto viajar com um monte de gente desconhecidas. E também gosto de ter as coisas só para mim, confesso que sou possessivas com minhas coisas, se são meus pra quê e porque eu devo dividir não é mesmo?

- Tenha uma boa viagem senhorita... – Não respondo e faço um sinal para ele ir embora.

Entro no jato, sento no banco perto da janela, pego meu telefone juntamente com meu fone de ouvido e ponho em uma playlist calma. Sempre que eu viajo ponho uma música calma, isso me relaxa, me deixa tranquila, e mais do que nunca vou precisar ficar calma e tranquila, por que o que me aguarda depois dessa viajem não vai ser nada agradável.

<...>

- Filha, o pai da sua noiva acabou de me informar que ela saiu para viajem, daqui umas três, quatros horas era irá chegar aqui. – Desvio meu olhar do livro, e olho para o relógio da parede e o mesmo marcava uma hora da tarde.

- Tudo bem pai... – Quando ele ia sair o chamo novamente. – E minha condição? O que vamos fazer em questão a isso?

- Ora filha, não tem nada com o que se preocupar, você esconde isso tão perfeitamente que até eu esqueço disso. – Sorri divertido e caminha para dentro do meu quarto me dando um beijo na testa. – E mais uma coisa, eu comprei uma casa para você e sua futura esposa, para que vocês tenham mais privacidade. – Dá uma piscada pra mim me deixando corada. – Agora tenho que ir, tenho assuntos para resolver na Agência.

Fecho o livro e suspiro, depois dessa notícia perdi o interesse de ler, eu acho que ele está indo rápido demais, extremamente rápido, eu nem conheço a garota, o máximo que eu sei dela é o nome. Será que eu devo pesquisar o seu nome no Google? Só pra eu ter uma noção de como ela é, fico pensando até ceder à tentação da curiosidade.

Me levanto da cama e coloco o livro de volta na estante, pego meu notebook no criado mudo, ligo o mesmo e já corro com a setinha para o google.

- Minatozaki Sana... – Falo seu nome pausadamente conforme vou digitando no teclado e dou google. – Uau...

Ela é linda, extremamente linda, acho que é a mulher mais linda que eu já vi em toda minha vida, ela exala um ar delicado e inocente, suas poses são doces e firmes, bem confiantes também. Seu olhar penetrante, sua boca carnuda, seu rosto delicado, seu cabelo ruivo parecendo chamas. Tudo nela é absurdamente incrível.

Eu nem sei quanto tempo eu passei ali olhando aquela fotografia, mas quando me dei conta e olhei pro relógio, já era cinco horas da tarde.

- Merda!

Jogo o notebook pro lado e corro para o banheiro tirando as minhas roupas, tomo meu banho que não era nem demorado e nem rápido, mas o suficiente para eu ficar cheirosa, ponho a melhor roupa que eu tenho no meu closet, que consistia em um vestido preto colado no meu corpo, e pra fechar coloco um colar combinado com meu brinco. Passo perfume e saio do quarto descendo as escadas ligeiramente.

- Graças a Deus você apareceu menina! Eu já estava pronto pra subir lá em cima e lhe chamar! Eles já estão aí, vou logo avisando, parece que sua noiva brigou com o pai dela, e o clima está super pesado lá na sala.

- Okay, okay...

Caminhamos para a sala de estar e já podemos ouvir as vozes "Eu não acredito que você veio, você é impressionante viu, eu não mandei você vir!", pude escutar uma voz feminina, mas diferente do que eu imaginava, pensava que iria ser uma voz suave e serena, doce que me faria querer escuta-la todos os dias. Mas a expectativa logo foi quebrada pela realidade, sua voz não era nada suave e doce, era ríspida, deve ser por que está com raiva.

- Desculpe o atraso, essa é a minha filha Chou Tzuyu! – Me apresenta quebrando o contato e a conversa de ambos que nem tinham notado nossa presença.

Quando meu olhar se cruza com os delas, sinto meu corpo se arrepiar da cabeça aos pés, seus olhos eram mais lindos pessoalmente do que por foto, apesar de estar me dando um pouquinho de medo aquele olhar bruto e crítico. Ela me olhava de cima para baixo, e isso estava me deixando extremamente desconfortável e corada.

- Então é você a garota que eu vou me casar?

- S-Sim... – Não conseguia mais fitar os seus olhos que queimavam sobre mim, eu prendi meu olhar no chão, era a única forma de me fazer ficar mais confortável e tranquila.

- Olha pra mim enquanto eu estiver falando com você! – Sua voz dura e grossa me fez estremecer.

- Desculpa... – Olho para ela, e ela continuava a me olhar de uma forma crítica e dura.

- Filha isso são modos de conversar com sua futura esposa? – Seu pai lhe chama atenção.

- É melhor ela já ir se acostumando, eu não vou mudar o meu jeito de ser por causa de ninguém, nem por causa dessa sinhazinha aí. – Me olha com desdém e dá as costas indo em direção da cozinha.

- Mil perdões senhorita e senhor Chou, ela está de mal humor hoje, eu juro que ela não é assim.

- Não, não que isso, não precisa se desculpar, afinal ela irá se casar com uma total desconhecida, não é? – Os dois acabam rindo, eu nem prestava atenção na conversa deles, e sim na garota que havia se sentado. Apesar do seu comportamento, eu ainda a achava extremamente linda.

Até que ela olha para mim e de novo sinto meu corpo se arrepiando da cabeça aos pés, ela arqueia uma sobrancelha tipo "Perdeu alguma coisa na minha cara?", e acabo desviando o olhar envergonhada.

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